EM DIA
NA CONTRAMÃO DA INOVAÇÃO
Na semana passada, foi divulgado o
Índice Global de Inovação (IGI), realizado a partir de colaboração entre
a Universidade Cornell, o Insead e a Organização Mundial de Propriedade
Intelectual. Apesar do momento de desaceleração da economia e recorde
negativo da produtividade mundial, os gastos em pesquisa e
desenvolvimento (P&D) seguem crescendo, tendo dobrado entre 1996 e
2016. Segundo a pesquisa, em 2017 esses gastos dos governos aumentaram
5% e os das empresas quase 7%. Ou seja, o mundo está investindo mais em
conhecimento para gerar inovação e desenvolvimento.
Embora ainda concentrados em poucos países, alguns
movimentos interessantes são percebidos na geografia da inovação. Os
primeiros lugares continuam ocupados por Suíça, Suécia e Estados Unidos,
seguidos de outros países europeus e Singapura (que está há algum tempo
no Top 10). Mas, neste ano, Israel aparece pela primeira vez na 10ª
posição, a Coreia aproxima-se do Top 10 e a China passou a ocupar o 14º
lugar, vindo do 17º em 2018. Ou seja, os países emergentes estão
melhorando em inovação.
No Brasil, a pesquisa foi recebida sem animação, embora
com pouca surpresa, pelo fato de o país ter caído duas posições no
ranking, ocupando agora o 66º lugar. E não se trata de comparação
somente com países líderes: os Emirados Árabes figuram em 36º, Vietnã em
42º e Tailândia em 43º lugar. A Índia, tradicional concorrente do
Brasil na disputa por investimentos, está na 52ª posição.
Na América
Latina, os mais bem colocados são Chile, Costa Rica e México,
respectivamente 51º, 55º e 56º colocados. Ou seja, o Brasil está
realmente atrás, especialmente considerando seu potencial.
Qual o motivo desse resultado, se o próprio documento
aponta que o Brasil é o único da região a abrigar um cluster de ciência e
tecnologia de peso internacional? A explicação mais provável: piorou a
avaliação dos insumos para a inovação, ou seja, a sua base, o que
viabiliza o desenvolvimento da inovação.
A causa parece clara, uma vez
que, nos últimos anos, houve redução nos investimentos em P&D,
exatamente o motor da inovação. Por isso, é possível imaginar que os
resultados do próximo ano sejam, infelizmente, piores do que os atuais.
Não existe mágica: existe ação e consequência. A pergunta é: vamos
seguir na contramão do fluxo mundial?
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