OPINIÃO DA RBS
UM PRESIDENTE SEM LIMITES
Quando se espera que nenhuma nova
declaração de Jair Bolsonaro possa surpreender ainda mais, o presidente
volta a se superar. Desta vez, não pelo conteúdo estapafúrdio de suas
frases. O atordoante, agora, é a posição de manter-se firme na postura
de não refletir sobre o seu destempero verbal. Infelizmente, o homem
eleito por 57,7 milhões de votos para tirar o Brasil da crise que parece
crônica segue demonstrando preocupantes dificuldades de compreender que
não é radicalizando ainda mais que vai construir um país melhor para
todos os brasileiros. Não parece ser apenas teimosia ou inabilidade.
A lamentável e cruel afirmação de que sabe como morreu o
pai do presidente da OAB - coroando uma sequência alucinante de
estultices diárias -, sustentando uma versão desmontada pelos próprios
agentes da repressão, mostra como o presidente vive em uma espécie de
mundo paralelo. De forma desumana, Bolsonaro reavivou inutilmente uma
discussão sobre o passado, em um momento em que o país precisaria estar
olhando para o futuro.
O presidente, com sua inépcia em construir pontes,
reabriu feridas com afirmações que só os mais fanatizados levam a sério.
Quando seria necessário elevar o nível do debate e dar prioridade a
temas como reformas estruturantes, para a retomada do desenvolvimento,
Bolsonaro enche o país de dúvida sobre se há, na mente presidencial, um
mínimo resquício de aflição sobre os problemas reais do Brasil, enquanto
a economia está parada e mais de 12 milhões de pessoas procuram
desesperadamente emprego. É preciso que o país racional, composto
inclusive por alguns membros de sua equipe e do Congresso, não perca o
foco no que realmente importa.
Todos os erros de gestão e desvios cometidos pelo PT
não justificam o tornado de sandices e a fixação em temas ideológicos,
que nada edificam. As críticas ao comportamento de Bolsonaro, aliás, não
se resumem mais à esquerda. O exdeputado vem perdendo o apoio do
eleitorado de centro, decisivo para a sua eleição. E agora, como mostram
as repercussões do mais recente disparate, vê minguar seus defensores
até em setores que se reconhecem de direita, mas repudiam a
agressividade obtusa e gratuita.
Bolsonaro caminha em uma direção perigosa. Se é cada
vez maior o desconforto que gera inclusive em seus aliados, corre o
risco de acabar sozinho no poder. O grave é que, ao perseverar
orgulhosamente no erro, como afirmou que fará, não está colocando apenas
a sua posição em risco. A instabilidade política reacesa será uma
tragédia para os brasileiros.
OPINIÃO DA RBS
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