quinta-feira, 1 de outubro de 2015



01 de outubro de 2015 | N° 18311
EDITORIAL ZH

A DANÇA DOS MINISTROS


Além de ter demitido o ministro da Saúde por telefone para levar adiante a reforma ministerial, a presidente Dilma Rousseff está promovendo uma verdadeira dança das cadeiras nos ministérios da cota petista. Se prevalecerem as intenções no anúncio oficial, o novo primeiro escalão do governo federal irá contemplar principalmente as pretensões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, ampliará consideravelmente a presença do PMDB. Mais uma vez, o que menos conta são os interesses da população de maneira geral, que é diretamente afetada pelas mudanças.

Ainda que o total de pastas seja reduzido de 39 para 29, como pretendido, as mudanças ficarão longe de configurar uma reforma administrativa, como forma de contribuição do poder público para o ajuste fiscal. As alterações, num momento em que pesquisas de opinião reiteram o desgaste na credibilidade da presidente da República, visam mais a facilitar a aprovação de projetos de interesse do Planalto e a dificultar a instalação de um eventual processo de impeachment do que a conter custos.

O aspecto mais criticável na reforma ministerial movida por interesses políticos é o descaso com a competência técnica no preenchimento de pastas. É lamentável que indicações em áreas tão relevantes para a sociedade, como educação e saúde, sejam incluídas num verdadeiro balcão de negociações.

Fica difícil imaginar que, num cenário de crise como o enfrentado hoje, o país possa se livrar de vícios de uma política arcaica. Ainda assim, a sociedade precisa manter as pressões pela profissionalização da máquina pública, não só em âmbito federal, mas também nas demais instâncias da federação.

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