10 de agosto de 2015 | N° 18254
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA
O ETERNO VERÃO AMERICANO
Americanos adoram celebrar o que inventaram, o que fizeram, imaginaram que fizeram ou gostariam de ter feito, e adoram, acima de tudo, celebrar a si mesmos. Pois uma das coisas mais americanas do mundo acaba de ser celebrada pela Netflix com a série Wet Hot American Summer – First Day of Camp.
Acampamentos de verão são os lugares para onde os pais enviam os filhos torcendo para que passem tempo, aprendam e se divirtam, desde que não tanto assim, e os filmes com esse cenário são muitos. Lembro de ver vários na minha longínqua infância e, quando finalmente conheci um – fui monitor de acampamento durante uma estada nos Estados Unidos –, o espanto não foi menor do que nos filmes: aquilo, caros leitores, era do balacobaco.
E um desses filmes é uma comédia de 2001, intitulada Wet Hot American Summer (no Brasil, Mais um Verão Americano), que a crítica detestou, o público ignorou e, pimba, virou cult. Agora a Netflix, sempre ela, foi lá e produziu uma série com o mesmo elenco, 14 anos depois. Os atores, que eram novinhos e semidesconhecidos, hoje são estrelas roliudianas, e todos quiseram participar da festa.
Para nós, o humor deles se apresenta em sua verdadeira forma, e ela nos bate como algo esquisito. Americanos têm o humor cerebral de um Woody Allen, de um Louis C.K, de uma Tina Fey. E eles também fazem um humor de caretas e personagens tão caricaturais que fica difícil achar engraçado, para nós que não nascemos e crescemos no American Way of Life.
A série tem jeito de algo para iniciados, e mais ou menos é. Para apreciar plenamente, as condições são duas: a) ter visto o filme e b) ser americano. Se você não preenche as duas, ainda assim, pegue o pacotão de pipocas tamanho mega e sente para ver. Wet Hot American Summer é pastelão, doidão, exagerado, picaresco e, de alguma forma, interessante. Eu vi, e vocês podem. Se devem, não sei. Vejam, achem e me contem.
Fica a dica.
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