Jaime Cimenti
Os cinemas de Porto Alegre, por Luiz Carlos Carrion
Quem gosta de cinema - especialmente os porto-alegrenses, habitantes de uma cidade absolutamente cinemeira - não pode deixar de curtir o e-book da Edipucrs Cinemas de Porto Alegre, do jornalista, articulista, pesquisador cinematográfico e membro do Centro dos Pesquisadores do Cinema Brasileiro Luiz Carlos Carrion. A obra resgata a história do cinema em Porto Alegre, Região Metropolitana e Interior do Rio Grande do Sul, no período que vai de 1896 a 2014, com dados, gráficos, 170 ilustrações, depoimentos e textos opinativos de profissionais ligados à área.
Apaixonado pela sétima arte há décadas, Carrion, desde 1978, colabora com jornais e revistas, atua em várias frentes e, entre outros trabalhos relevantes, publicou, pela Editora Tchê, em 1987, o livro Festival de Gramado - Os primeiros quatorze anos. Carrion segue trabalhando e batalhando pelo cinema, acompanhando as modificações nas filmagens, nas salas e nas relações do cinema com a comunidade.
O e-book tem prefácio de Mario Luiz dos Santos, empresário de cinema, e textos de apresentação de Hélio Nascimento, crítico de cinema do JC; Ricardo Difini Leite, diretor do GNC Cinemas e presidente da Feneec; e do romancista Luiz Antonio de Assis Brasil. Hélio Nascimento escreve: "O livro de Carrion, integrado por levantamentos das salas existentes em Porto Alegre e no Interior do Estado e por depoimentos de pessoas ligadas ao setor, se constitui num painel informativo de inegável valor como fonte de consulta.
Aqui, os cinemas que desapareceram, os que ainda sobreviveram nas calçadas e os novos que surgiram nos últimos anos, esses últimos ostentando as inovações técnicas tão necessárias. Se o cinema, como dizia Fellini, perdeu o monopólio da imagem em movimento, continua, mesmo assim, sendo uma inigualável forma de espetáculo".
A obra fala do Clube de Cinema de Porto Alegre, apresenta dados e gráficos relevantes, órgãos classistas, Cinema Capitólio e trata, também, do saudoso projeto Rodacine, que marcou época, com milhares de espectadores em muitas cidades gaúchas, na década passada.
O texto do professor e romancista Luiz Antonio Assis Brasil, que está na parte final do volume, ressalta a importância dos cinemas para os porto-alegrenses e a força das memórias que eles trazem, desde os tempos em que se localizavam nas calçadas e faziam parte de uma cidade mais pacata. Os cinemas já eram pontos de referência para a Capital e, na frente e dentro deles, muita vida social, política e cultural acontecia.
O livro de Carrion é referencial para cinéfilos ou para os que pretendem saber ou pesquisar sobre cinemas da Capital e do Interior entre 1896 e 2014. É obra que motivará outras obras, outras pesquisas e estudos sobre o tema apaixonante.
A propósito...
Cinemas de Porto Alegre não é apenas uma grande declaração de amor ao cinema, nem apenas um grande registro de datas, nomes, obras e acontecimentos. É, também, um convite à reflexão sobre a relação entre o cinema e a comunidade, depois que o cinema saiu da calçada, mais democrática, e foi para os shopping-centers, espaços mais elitizados.
As salas dos cinemas das calçadas eram maiores, o clima e o escurinho para ver a telona eram outros. Os preços - inclusive o da pipoca - não eram tão salgados. Ganhou-se em tecnologia, segurança e praticidade. Mas quem não frequentou os antigos cinemas de calçada deixou de aproveitar muita coisa.
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