segunda-feira, 31 de agosto de 2015



31 de agosto de 2015 | N° 18280 
MOISÉS MENDES

O nosso rei

Se pudesse escolher entre a volta do coronelismo e a volta da monarquia, eu ficaria com a monarquia. O coronelismo mineiro misturado ao coronelismo paulista é sempre ameaçador. Os dois não esquecem a Revolução de 30 e estão por aí de novo, com todo tipo de manobra para tentar voltar ao poder, do jeito que for possível.

Uma monarquia atenuaria até a força de um eventual governo de coronéis e nos brindaria com a fantasia, a magia e as fofocas da família real. Os britânicos preservam a adoração pelos Windsor por causa da estabilidade, da sensação de que os valores se mantêm, de que nada, nem os escândalos, ameaça a ilusão da perenidade.

O Brasil, que pôs a correr seu rei, poderia trazer outro da Europa e acabar com a crise política provocada em boa parte pelos coronéis. Com as vantagens de um ambiente monarquista, acabaríamos com as conversas repetitivas e cansativas de golpe e de impeachment.

Mas não com a volta de um Orleans e Bragança, e sim com um Windsor. Importaríamos de Londres o príncipe Henry Charles Albert David Mountbatten-Windsor. Aqui, ele seria bem mais do que Harry, o eterno adolescente que diverte os britânicos com suas estripulias. O príncipe de Gales seria coroado, não como Rei Henrique, mas de uma forma mais despojada, como Hique, o Imenso, Imperador do Planalto Central.

Na Inglaterra, Harry não será nada além do que já é. Lá, ele é o quinto na linha de sucessão ao trono britânico, atrás do pai, Charles, do irmão, William, do sobrinho George e da sobrinha Carlota de Cambridge.

Em Londres, o rapaz será sempre um figurante. É mais fácil o Aécio finalmente reconhecer que perdeu a eleição do que Harry ser rei na Inglaterra. Que seja então no Brasil.

As circunstâncias nos favorecem. O príncipe adora samba e futebol e apaixonou-se pela brasileira Antônia Packard. E não seria novidade nenhuma um rei importado. O Brasil já teve o seu, e os nobres sempre transferiram suas famílias de um país para outro.

O próprio sobrenome Windsor é inventado, para esconder a porção germânica das origens da família real. Então, que venha o Harry. Aqui, ele poderia ser um Mountbatten-Windsor-Silva.

É claro que teríamos um governo plebeu, como os britânicos têm, mas a monarquia, com casamentos arranjados, traições e o nascimento de uma criança por ano, nos manteria em permanente diversão.

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