17 de agosto de 2015 | N° 18264
ARTIGOS - CLÁUDIO BRITO*
EXCELÊNCIA AMEAÇADA
Não entendo como se pode pretender extinguir do cenário institucional gaúcho a Fundação Zoobotânica, criada em 1972, responsável pela conservação da biodiversidade do Rio Grande do Sul. Inclui o Jardim Botânico e o Museu de Ciências Naturais, na Capital, e o Parque Zoológico, em Sapucaia do Sul.
A repercussão de seu custeio é mínima no orçamento do Estado e pouco ou nada significará em economia sua extinção. Em troca, será imenso o prejuízo ao meio científico e à sociedade em geral. Não bastasse a excelência de seus profissionais, em todos os níveis, ainda há a contribuição a outras instituições com suas publicações, eventos e acervos. E fosse necessário ainda avaliar sua significação, para ampliá-la, bastaria lembrar o que representa para as famílias que visitam o Museu, o Jardim e o Zoológico.
Há poucos dias, no Conversas Cruzadas, da TVCOM, recebi do representante da Fundação alguns livros publicados. Aprendi bastante sobre o Bioma Pampa, encantado com nossa flora. E ainda descobri particularidades sobre o cultivo do butiá, além de uma série de ensinamentos sobre o trato com abelhas e a produção do mel de melhor qualidade. Encaminhei os volumes a uma professora, que vai incluir as obras na biblioteca de sua escola. E sei o que vai representar para aquela comunidade de estudantes. E lá estará a marca da Fundação com que o governo estadual quer acabar.
Pensei que houvesse apenas a preocupação com as próprias demissões quando servidores manifestaram-se para defender a Zoobotânica. Enganei-me, pois a defesa exercida quer proteger a qualidade, a excelência. E isso é relevante.
Tirei todas as dúvidas quando vi os moradores do bairro Jardim Botânico abraçando o parque que lhe dá nome. Era a legítima representação social dizendo presente. Um verdadeiro plebiscito, espontâneo e muito sincero.
Peço inscrição para estar entre os defensores da Fundação Zoobotânica, mesmo que muito pouco eu possa alcançar, mas sou abertamente solidário à manutenção de atividades indispensáveis ao Rio Grande do Sul, como o fornecimento de veneno para produção de soro antiofídico, o cuidado com o banco de sementes de nossa flora com o objetivo de restauração ambiental e ainda todo o trabalho desenvolvido para evitar a extinção de espécies raras da flora e da fauna em nossa amada terra gaúcha.
*JORNALISTA claudio.brito@rdgaucha.com.br
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