03 de agosto de 2015 | N° 18246
EDITORIAL
DESCONFIANÇA NA POLÍTICA
A crise de representatividade registrada hoje no país é uma ameaça preocupante para a democracia, que precisa ser enfrentada pelos próprios políticos.
A queda acentuada no índice de confiança dos brasileiros nas instituições políticas, confirmada agora por pesquisa de opinião pública recém divulgada, não chega a surpreender, levando-se em conta a sucessão de episódios negativos dos últimos meses. Ainda assim, o resultado deveria merecer uma reação imediata por parte de parlamentares, governantes e líderes partidários.
Realizada a cada mês de julho pelo Ibope em cidades de todas as regiões do país, a pesquisa denominada Índice de Confiança Social demonstra um desgaste profundo na credibilidade do governo, de parlamentares e de partidos, sob todos os aspectos preocupantes para uma democracia.
Diferentemente do que ocorreu no início do primeiro semestre de 2013, quando as manifestações de rua fizeram desabar a crença nas instituições de maneira geral, desta vez o recuo concentrou-se nas de âmbito político. No período de 12 meses até agora, a confiança na presidente da República caiu pela metade, levando-a a ocupar a penúltima posição no ranking, junto com o Congresso Nacional, que também perdeu prestígio.
O último posto da lista, que engloba 18 instituições e quatro grupos sociais, continuou com os partidos, que também registraram queda. E até mesmo os prefeitos, muitos dos quais voltarão a pedir voto no próximo ano, estão com a confiabilidade em baixa.
A crise de representatividade registrada hoje no país é uma ameaça preocupante para a democracia, que precisa ser enfrentada pelos próprios políticos. Eleitores, como os entrevistados no levantamento do Ibope, elegem seus representantes legislativos e gestores públicos na expectativa de que ponham em prática os discursos de campanha.
O que se constata cada vez mais, porém, é que, depois de eleitos, na maioria das vezes em campanhas bancadas com dinheiro duvidoso, muitos deles passam a defender seus próprios interesses e o de apadrinhados. E só retornam ao convívio direto com o eleitorado na hora de disputar nova eleição.
A sociedade tem feito a sua parte, cobrando mais ética e mais compromisso com as demandas dos cidadãos. Muitas instituições, com a credibilidade inalterada ou até em alta na pesquisa, se empenham em cumprir o seu papel no combate à corrupção. Falta os políticos fazerem a sua parte, fortalecendo os partidos e reforçando seus compromissos, de forma permanente, com as demandas da sociedade.
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