
09 de Dezembro de 2025
OPINIÃO RBS
OPINIÃO RBS
As agruras de viver em áreas carentes
O IBGE acaba de demonstrar em números vários aspectos que explicitam as agruras de viver em favelas e comunidades urbanas. Em todo o país, indicam os números do Censo Demográfico de 2022, cerca de 16,4 milhões de pessoas moravam nessas áreas, caracterizadas pela falta parcial ou completa de serviços públicos ou infraestrutura básica. Era um contingente equivalente a 8,1% da população. No Rio Grande do Sul, eram 416,6 mil, ou 3,8% dos habitantes do Estado.
Com as conclusões, o levantamento tem o mérito de indicar as principais intervenções necessárias para propiciar condições de vida dignas nesses aglomerados. Isso porque demostra de forma individualizada as deficiências, em tópicos como transporte público, acessos, saneamento, iluminação, arborização e calçadas. As informações disponibilizadas são úteis para o poder público se planejar e atuar. A presença do Estado nas periferias é chave, por exemplo, para evitar que a criminalidade domine esses territórios.
O Rio Grande do Sul, proporcionalmente, tem menos pessoas vivendo em favelas e comunidades do gênero na comparação com a média nacional. É a sexta unidade da federação mais populosa do país, mas apenas a 12ª no número absoluto de moradores desses locais. Ainda assim, tem desafios relevantes a enfrentar, levando-se em consideração a discrepância com o restante das zonas urbanas. Um exemplo gritante está no saneamento. Apenas 44% dos moradores das comunidades carentes gaúchas residem em vias com bueiros e bocas de lobo. Nas demais regiões das cidades, o percentual sobe para 80,9%. Essa é uma dimensão que repercute na saúde da população.
A iluminação pública é outro aspecto que requer atenção. Em todo o país, 91% dos moradores de favelas, na média, dispõem de vias com luz. Em Porto Alegre, cai para 80%. Ter espaços públicos iluminados é sinônimo de mais segurança. Na arborização, a diferença dentro da Capital é abissal. Nas áreas mais pobres, somente 33% da população mora em ruas com árvores. Nas outras partes da cidade, 83,4%. Um dos principais benefícios da arborização é tornar o clima mais ameno nos períodos escaldantes do ano. Contar com calçadas, algo que deveria ser trivial no ambiente urbano, também não é regra. No Estado, somente 42% vive em trechos com passeio público, ante 87% nas demais áreas urbanas.
Favelas, vilas e outras regiões desprovidas do básico são o resultado de uma urbanização acelerada e desordenada em décadas passadas, com a chegada de grandes contingentes em especial às capitais, em uma velocidade que o poder público não teve como acompanhar. A consequência foi a proliferação de moradias precárias em áreas sem infraestrutura mínima. Hoje esse fenômeno está em grande medida estancado. Assim, abre-se a possibilidade de o poder público, de forma paulatina e conforme a disponibilidade orçamentária, conseguir dar melhores condições de vida a esses gaúchos e brasileiros. Em muitos casos, as comunidades surgiram em áreas ambientalmente sensíveis, sujeitas a inundações e queda de encostas. Para essas situações, o melhor caminho são políticas habitacionais que desloquem populações para pontos seguros.
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