terça-feira, 21 de abril de 2020


21 DE ABRIL DE 2020
EM DIA


O TOMA LÁ, NÃO DOU

A Constituição tem em seu bojo um conjunto de normas que estabelecem dois tipos de cidadão: os que trabalham para o Estado ou para suas empresas e os outros. Os primeiros (12% dos que trabalham) têm privilégios de toda ordem e que são pagos pelos impostos recolhidos de todos. Os políticos têm ainda mais privilégios, inclusive imunidade parlamentar, que os torna vacinados contra penas por crimes que possam cometer. A Operação Lava-Jato, mesmo assim, conseguiu mandar para a prisão vários deles, inclusive um ex-presidente da República muito bem condenado em segunda instância. Outros, porém, foram apontados por atos desonestos, mas cumprindo mandato não estão sendo nem processados.

Na Constituição consta ainda que o Supremo Tribunal Federal é formado por indicações de presidentes com aprovação do Congresso. Conclui-se que está constituído por decisões políticas históricas dos últimos 20 anos. Nesse período, a ideologia que prevaleceu no Brasil foi a de esquerda, altamente anticapitalista, antiamericana e favorável a experiências socialistas como as de Cuba (até há pouco alugavam-se médicos para o Brasil), Venezuela e países africanos. No mesmo período, a corrupção bateu recordes em eventos como a Copa, a Olimpíada e em escândalos em estatais, como os da Petrobras. Empreiteiras de renome também geraram criminosos presos pela Lava-Jato, que começou a destruir "o mecanismo". 

Em 2018, é eleito o presidente atual (com 57 milhões de votos) com bandeiras de anticorrupção e contra um partido de esquerda hegemônico da época, introduzindo, de forma histórica, uma direita no Brasil: conservadora, liberal e democrática fundamentada em novos valores. O Congresso foi renovado parcialmente, mas alguns reeleitos continuaram reagindo contra a Lava-Jato e convenceram uma maioria de centro a prestigiar lideranças antigas (74 mil votos na eleição para deputado no Rio) ou sem significância (131 mil para senador no Amapá) para defender o sistema responsável pelo "mecanismo".

O presidente nega-se a continuar alimentando o sistema através dos partidos e do toma lá da cá. Mesmo assim a reforma da Previdência foi aprovada, economizando R$ 800 milhões. O presidente corta bilhões de anúncios na mídia e esta reage de todas as formas. Vem a pandemia e o presidente assume uma posição. O sistema com a mídia, outra. Torram-se, via Congresso, R$ 800 milhões na saúde e desaparece a pauta do presidencialismo na casa. O presidente lembra seu compromisso com o povo. O sistema vai lutar pelo impedimento. Conclua de forma civilizada, se possível.

RICARDO FELIZZOLA - CEO do Grupo Parit S/A | @Ric_Felizzola

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