sábado, 30 de novembro de 2019



30 DE NOVEMBRO DE 2019COMPORTAMENTO




NÃO HÁ SEGUNDA CHANCE PARA TER UMA BOA PRIMEIRA IMPRESSÃO

O argentino Tomas Chamorro-Premuzic atua na área de psicologia organizacional, pesquisando assuntos como perfil de personalidade, análise de pessoas e desenvolvimento de liderança. Ele é autor de 10 livros, incluindo Confianza: La Sorprendente Verdad Sobre Cuánto la Necesitas y Cómo Lograrla, e leciona psicologia de negócios na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e na University College, de Londres. O pesquisador concedeu a seguinte entrevista por e-mail a Zero Hora:

O que faz com que a gente confie em algumas pessoas e não em outras?

Cordialidade, carisma, inteligência emocional, atratividade e pertencer à mesma cultura/tribo. É também por isso que cometemos erros: desconfiando de pessoas honestas que não se encaixam nesses critérios e confiando em algumas que se enquadram, mas que não são confiáveis.

Há maneiras de saber se alguém realmente merece a nossa confiança?

Nunca podemos saber com certeza, mas as atitudes passadas, o altruísmo e ter consciência são elementos a serem levados em conta. Não é algo científico como engenharia aeroespacial, mas também não é aleatório.

Uma vez perdida, a confiança pode ser recuperada?

Sim, mas geralmente não é isso que ocorre. Não há segunda chance para ter uma boa primeira impressão, e as pessoas geralmente são teimosas, então usam viés de confirmação (a tendência de interpretar informações de maneira a confirmar crenças originais) para acreditar nas suas primeiras impressões.

Quando o assunto é confiança, você diria que a dinâmica social no ambiente de trabalho é distinta da vida pessoal?

Acredito que não. As pessoas são as mesmas e depois de poucas semanas trabalhando em um novo lugar começam a se comportar da mesma maneira como se comportam fora do escritório (com algumas exceções).

Quanto devemos confiar em alguém que recém conhecemos? Há um equilíbrio entre, digamos, bancar o trouxa e exagerar no ceticismo?

O suficiente para que a sociedade funcione: se não confiássemos automaticamente nos outros, não seria possível comer em restaurantes, voar em aviões, andar de táxi ou cruzar ruas porque qualquer pessoa poderia nos machucar a qualquer momento. Então, o padrão deve ser confiar, mas quando as decisões apresentam um grande risco e as situações são ambivalentes, um grau saudável de ceticismo certamente é útil.

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