02 DE FEVEREIRO DE 2024
OPINIÃO DA RBS
ALERTA PARA O AVANÇO DA DENGUE
É alarmante a explosão de casos de dengue no país neste começo de 2024, após o Brasil registrar recorde de mortes pela doença no ano passado. A enfermidade transmitida pelo mosquito Aedes aegypti tirou a vida de 1.094 brasileiros em 2023. Agora, nas quatro primeiras semanas de janeiro, já são mais de 215 mil pessoas doentes, o triplo do contabilizado em igual período do ano passado.
A situação também é crítica no Rio Grande do Sul, embora o quadro mais grave por enquanto se concentre no noroeste do Estado. São 1,6 mil casos, quantidade 18 vezes superior ao mês inicial de 2023.
A prevenção é ainda a melhor forma de deter a doença. É essencial que a população receba informação e se conscientize quanto às medidas necessárias para conter a proliferação do mosquito. A principal é evitar que água parada se acumule em recipientes. É onde a fêmea do inseto, também transmissor da zika e da chikungunya, põe seus ovos. Embora os agentes comunitários de saúde se empenhem em visitar locais com infestação e existam ações como a aplicação de inseticidas pelo poder público, o combate aos focos e à dengue depende do engajamento de cada cidadão em relação a cuidados com locais onde vive e frequenta.
O Sistema Único de Saúde (SUS) começa a oferecer vacina contra a dengue neste mês, mas a quantidade de doses disponíveis é ainda muito baixa. O público-alvo, neste momento, é constituído por crianças de 10 a 14 anos. Mas o Rio Grande do Sul, devido aos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde, está fora da listagem inicial composta por 16 Estados e Distrito Federal. A rede privada oferece a vacina desde o ano passado, mas com custos inacessíveis para a maior parte da população.
Ao longo do tempo, quando aumentar a oferta de imunizantes pelo SUS, a vacinação será uma importante arma para deter o avanço da enfermidade. Mas, por enquanto, a disponibilidade é bastante pequena em relação às necessidades. A projeção do Ministério da Saúde é de que 5,2 milhões de doses da vacina Qdenga sejam entregues pelo laboratório japonês Takeda neste ano. Como o esquema previsto é de duas doses, com intervalo de 90 dias, o número de brasileiros devidamente protegidos da enfermidade neste ano tende a ser bastante aquém do necessário.
As condições climáticas dos últimos meses, com maior volume de precipitações devido ao El Niño, são fatores que aumentam o risco de formação de focos pelo acúmulo de água. O calor preponderante em muitas regiões do país é mais um agravante. É preciso lembrar que, em regra, o pico dos casos no Brasil acontece entre os meses de março e maio. Há um sério risco, portanto, de que o quadro ainda possa se agravar.
Do poder público, espera-se foco na atuação preventiva, com a mobilização da vigilância, a distribuição de testes e a preparação da rede de apoio para receber e tratar os doentes. Mas, como 75% da transmissão ocorre dentro das casas, é basilar reforçar campanhas de comunicação para levar a melhor informação à população sobre a importância da ação individual para frear a dengue.
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