sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024


02 DE FEVEREIRO DE 2024
DANIEL SCOLA

Dinheiro de sobra para os políticos

O dinheiro que falta para áreas essenciais vai para o famigerado Fundo Eleitoral. Na semana passada, foi sancionada pelo presidente da República a Lei Orçamentária que, entre outras coisas, define o valor deste fundo. Não é exclusividade do atual presidente, é o rito para a sanção do projeto que existe há sete anos. Os responsáveis são os políticos, que decidem como o nosso dinheiro será gasto. São R$ 4,96 bilhões do orçamento para a campanha deste ano.

Não é necessário o uso de calculadora para entender que não vai faltar dinheiro para os candidatos. Os partidos com mais deputados recebem a maior parte. O PL e o PT são os maiores beneficiados. Os políticos do Partido Liberal terão R$ 863 milhões para campanha eleitoral deste ano. Os políticos petistas receberão R$ 604 milhões. Só para comparação, a BR-448, conhecida como Rodovia do Parque, que liga Porto Alegre a Sapucaia do Sul, custou R$ 1 bilhão. Outra obra para comparação: a ampliação do Hospital de Clínicas custou R$ 556 milhões e possibilitou a criação de 92 leitos de CTI, um avanço muito importante para diminuir uma carência histórica da população na saúde pública.

Em plena era digital, os políticos esbanjam dinheiro público em propaganda que pode ser feita de forma online, gastando-se muito menos. Em 2015, foi proibida a doação de empresas para campanhas, na esteira de um escândalo que escancarou o dinheiro empresarial irrigando campanhas eleitorais. 

Dois anos depois, o Congresso aprovou a criação do chamado Fundão, com o apoio de parlamentares gaúchos com a justificativa de tentar resolver a questão do financiamento das campanhas com mais transparência e igualdade entre os candidatos. No primeiro ano da nova lei, o fundo eleitoral foi de R$ 1,8 bilhão. Em 2020, chegou a R$ 2 bilhões. Na eleição seguinte, em 2022, o valor dobrou. O que já era uma gastança sem limites piorou ainda mais.

Com o fim das doações empresariais, criou-se outro problema. Se nada for feito, a gastança só vai aumentar. O sistema político democrático é fundamental, mas os políticos não podem se aproveitar do dinheiro desta maneira. Cabe a eles acabar com essa exorbitância e aos eleitores aprender que o dinheiro de campanha é público.

DANIEL SCOLA

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