01 DE FEVEREIRO DE 2024
OPINIÃO DA RBS
O BALANÇO DO MERCADO DE TRABALHO
O país conheceu na terça-feira e ontem os dados mais relevantes sobre emprego do final do ano passado e, com isso, é possível fazer um balanço sobre o desempenho do mercado de trabalho em 2023. Deve-se atestar que o resultado foi positivo tanto no nível de ocupação como no aspecto da renda. É dever lembrar que os números são melhores do que se esperava um ano atrás.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), sob responsabilidade do Ministério do Trabalho, mostrou que o Brasil teve em 2023 uma abertura líquida de 1,484 milhão de postos com carteira assinada. Dezembro, especificamente, teve um resultado abaixo do projetado. Assim, o fechamento do ano ficou aquém das previsões mais recentes. Mesmo assim, foi um desfecho acima das expectativas predominantes há 12 meses.
Já a taxa de desemprego do último trimestre, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), veio melhor do que o estimado pelo mercado. A desocupação ficou em 7,4%, a menor para o período desde 2014. É um resultado 0,3 ponto percentual abaixo do terceiro trimestre de 2023, que representa queda de 0,5 ponto ante o intervalo de outubro a dezembro de 2022. A população ocupada em trabalhos formais e informais bateu novo recorde e chegou a 101 milhões de pessoas, alta de 1,1% na comparação trimestral e de 1,6% no cotejo anual.
Despertou atenção outra vez a massa de ganhos dos trabalhadores. Em níveis inéditos, atingiu R$ 301,6 bilhões. A renda média real das pessoas chegou a R$ 2.979 no ano, montante 7,2% acima do observado em 2022 e maior variação da série histórica iniciada em 2012.
Essa batelada de números é um indicativo de que o mercado interno, via consumo das famílias, pode fazer com que a economia brasileira continue resiliente em 2024. Trata-se de uma variável relevante a influenciar o PIB esperado para o ano que se inicia, uma vez que, agora, o país não deve contar com uma grande contribuição da agropecuária. No ano passado, a safra recorde deu um impulso extra à atividade, o que não se repetirá agora por problemas climáticos.
Também é válido observar que a renda média de R$ 3.032 no último trimestre, apesar de ter crescido 3,1% no ano, ficou relativamente estável (0,8%) em relação aos três meses imediatamente anteriores. É um aspecto a ser analisado de perto por ser um preditor de pressões inflacionárias e indicar o nível de conforto para o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central manter o ciclo de corte da taxa Selic. A manutenção da tendência de redução do juro é elemento importante para elevar o nível de atividade econômica nos próximos trimestres, baratear o crédito e melhorar o ímpeto para investimentos produtivos.
É verdade que a criação de empregos verificada no Caged desacelerou na comparação com 2022, quando foram abertos 2 milhões de vagas formais. A queda da taxa de desemprego também foi mais lenta. Mas já era esperada alguma desaceleração após o auge da recuperação da economia verificado após o período de restrições de atividades causadas da pandemia. O essencial é o Brasil prosseguir no caminho do crescimento e do fortalecimento do mercado de trabalho de forma sustentável, sem criar pressões inflacionárias internas. O cuidado com a saúde fiscal do país segue como fator determinante.
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