10 DE DEZEMBRO DE 2022
FLÁVIO TAVARES
O CRIME MAIOR
Não há crime maior do que a opressão. O perigo ou o infortúnio supremo, porém, é quando a opressão tenta disfarçar-se de "libertadora".
Foi assim, dias atrás, quando o presidente do conselho deliberativo da Sociedade de Engenharia do RS, Luís Roberto Ponte, lançou manifesto pedindo que as Forças Armadas destituíssem membros do Poder Judiciário e anulassem o resultado do segundo turno da eleição presidencial. Ponte alegava que a eleição presidencial "foi fraudada" sem apresentar sequer indício de "fraude".
De fato, o manifesto pregava o golpe militar e se juntava às arruaças de rua em que alguns fanáticos (apossando-se da nossa bandeira) berram contra o resultado das urnas. É típico dos opressores inventar que - ao oprimir - defendem a liberdade. Foi assim com Hitler e Stalin.
Segundo o manifesto do presidente do conselho deliberativo dos engenheiros, "vivemos numa ditadura travestida de democracia e mantida pelo atual Poder Legislativo".
Ponte foi chefe da Casa Civil nos meses finais da gestão do presidente Sarney, que sucedeu à ditadura militar, e, assim, devia saber quão difícil é arrumar e limpar a sujeira da tempestade ditatorial. Sim, pois apelar às Forças Armadas para anular o resultado eleitoral só pode redundar em uma ditadura.
Essa visão tacanha e atroz, felizmente, não é compartilhada pelos engenheiros. Basta ler o artigo do presidente da Sociedade de Engenharia, Walter Lídio Nunes (ZH, 6/12), ao lembrar que "não existem atalhos golpistas que possam construir uma nação desenvolvida e com qualidade de vida para todos".
A incógnita é saber a mando de quem se rebelam aqueles que pedem "intervenção militar".
Com isso, afastam as Forças Armadas das funções de proteger a integridade do território pátrio para transformá-las em mero corpo opressor dos próprios brasileiros.
Tem também jeito, tom e som de crime o bloqueio de R$ 35,4 milhões das verbas federais destinadas ao Hospital de Clínicas e ao Grupo Hospitalar Conceição.
No Hospital de Clínicas, o bloqueio afetará 550 residentes e no Grupo Conceição mais de 1,5 mil leitos em quatro hospitais - Conceição, Fêmina, Infantil e Cristo Redentor, além da unidade de pronto atendimento e de 12 postos comunitários.
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