quarta-feira, 7 de agosto de 2019


07 DE AGOSTO DE 2019
VAZAMENTO DA LAVA-JATO

Gilmar reage a Deltan e pede providências à Procuradoria

Citado em novas conversas de procuradores da Operação Lava­Jato divulgadas ontem, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que já está na hora de haver reação ao caso.

- Está na hora de a Procuradoria tomar providências. Tudo indica que tínhamos uma organização criminosa para investigar. Portanto, eles (procuradores) partem de ilações absolutamente irresponsáveis - disse o magistrado, sem deixar claro se era uma cobrança à chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR), Raquel Dodge.

Segundo reportagem do site El País, com base em mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil, procuradores da Lava-Jato em Curitiba, liderados por Deltan Dallagnol, planejaram coletar dados e informações sobre Gilmar com o objetivo de pedirem sua suspeição ou até seu impeachment. As mensagens, trocadas pelo aplicativo Telegram, mostram os procuradores conversando sobre contas na Suíça atribuídas a Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, apontado como operador do PSDB de São Paulo, e suspeitas de ligação dele com Gilmar.

De acordo com os supostos diálogos, tudo começou quando Dallagnol repassou a colegas "um boato" de que parte do dinheiro mantido por Paulo Preto no Exterior, pertenceria a Gilmar. O tucano havia sido preso nos dias 22 de março e no dia 6 de abril de 2018, no âmbito da Lava-Jato, a partir de uma denúncia, aceita posteriormente, que apontava desvios de R$ 7,7 milhões da estatal Dersa (responsável pelas rodovias de São Paulo) durante o governo de José Serra (PSDB). Gilmar mandou soltar Paulo Preto em 11 de maio.

Desde antes do vazamento das mensagens, Gilmar tem sido crítico da forma de atuação do Ministério Público Federal (MPF). O ministro voltou a dizer que o país está diante da maior crise em seu aparato judicial desde a redemocratização. Perguntado se as revelações contaminam a gestão de Raquel Dodge, respondeu que não, mas acrescentou:

- Acho que há um grave problema de gestão (no MPF), sem dúvida nenhuma, que isso está revelando.

De acordo com a Constituição, procuradores da República só podem investigar ministros do STF com autorização da PGR, que não havia concedido a permissão na época das mensagens.

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