sábado, 29 de fevereiro de 2020



29 DE FEVEREIRO DE 2020
CARPINEJAR

Pergunte

De um vez por todas, mulher não gosta de apanhar, não gosta de sofrer, não gosta de ser humilhada. Ela não pede um tapa, não quer um tapa, tapa não é pretendido nem dentro do sexo.

Que os trogloditas entendam que ela não tem uma queda por tipos assustadores, que não fica seduzida por selvagens e grossos, que não prefere os toscos e brutos, que não espera alguém que mande e dite as regras.

Isso não é o politicamente correto, é a verdade.

Ter pegada não é agarrar. Ter firmeza não é imobilizar. Apartar não é empurrar. Dar segurança não é oprimir.

Se ela viveu um relacionamento abusivo, não desejava tal experiência, não é masoquista para procurar o pior dos mundos sentimentais, foi ludibriada e enganada. Caiu na cilada de quem se mostrou muito diferente no início do romance, de quem mentiu respeito e romantismo para agradar e encantar nos primeiros meses de convivência, até firmar o namoro, e depois impôs o seu ciúme, as suas acusações e sua grosseria sistemáticos, que já existiam de longa data nas histórias pregressas e só não eram visíveis para os desconhecidos.

Nenhum homem começa o envolvimento gritando, ofendendo, maltratando. Se acontecesse, todas logo fugiriam e não apostariam a sua vida em cenário de visível perigo. Ninguém iria sonhar com um filho com um sujeito truculento, para criar sozinha e viver sob constantes ameaças e brigas na Justiça.

A questão é que os pretendentes tóxicos têm uma aparência inofensiva e, às vezes, doce. Fingem ser o que não são: dedicados, amorosos e atentos na atração. A farsa costuma enganar perfeitamente qualquer um. A vítima não é a culpada. Não há como duvidar de que ele não é assim. Só o tempo desfaz as máscaras.

Não coloque esse despropósito na conta feminina, que ela escolheu errado e tem dedo podre. Não determine o comportamento dela como doentio, ansiando pela submissão, desenvolvendo a dependência com prazer, escravizando-se por livre e espontânea vontade, e assim isentando o autor dos maus-tratos, aquele que é unicamente responsável e exerceu a dominação pela violência psicológica, física e emocional.

Não fale por ela, simplesmente pergunte.
CARPINEJAR

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