quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020


26 DE FEVEREIRO DE 2020
+ ECONOMIA

Ressaca de Cinzas

Se por volta de 13h de hoje for ouvido um estrondo, poderá ser o tombo na reabertura da bolsa de valores do Brasil. Durante o Carnaval, perdas associadas ao coronavírus provocaram fortes quedas nas principais praças do planeta. A cotação do dólar ante o real deve ter sentido contrário, caracterizando a ressaca financeira desta Quarta-feira de Cinzas. Depois de uma segunda-feira em tom de pânico, ontem as bolsas europeias e americanas atenuaram a dimensão, mas aprofundaram quedas. Londres e Paris caíram 1,94%, Frankfurt recuou 1,88% e Milão freou a baixa em 1,44%. 

Na Ásia, houve tombo de 3,34% em Tóquio (foto) e retração de 0,22% em Xangai. Mas a bolsa da Coreia do Sul, onde a Samsung anunciou a paralisação de uma unidade, reagiu com ligeiro avanço de 0,27%. Em Nova York, novo tombo de 3,14% acentua a correção de sucessivos recordes de alta. A expectativa é de que as ações fiquem tão baratas nos próximos dias que possam frear essa onda de aversão ao risco.

Profissionais com chances no mercado

Profissionais com habilidades para analisar dados, gerenciar finanças e desenvolver ações de marketing têm mais chances do que a média de encontrar emprego no ainda rarefeito mercado de trabalho de Porto Alegre neste ano.

Levantamento realizado pela consultoria Michael Page, da empresa de recrutamento Page Group, revelou que cargos de controller de finanças (responsável pelo setor de controladoria), gerente de analytics ( uso aplicado de dados) e gerente de marketing de produtos são os que mais têm procura por candidatos na capital gaúcha. Os salários para essas vagas especializadas variam de R$ 17 mil a R$ 23 mil. Para chegar ao resultado, a consultoria consultou empresas de pequeno, médio e grande porte em 14 setores empresariais no Brasil.

EUA pressionam Brasil no 5G

Enquanto o Brasil tenta acelerar o processo para adoção da tecnologia 5G, crescem as pressões sobre a escolha do provedor. A guerra contra a Huawei, acusada de espionagem pelo governo americano, vai colocar o Planalto em dilema. Caso queira manter a cooperação com os Estados Unidos, terá de desagradar a seu maior parceiro comercial, a China.

Os EUA sinalizam que, se o Brasil favorecer a Huawei, pode comprometer um dos pontos do acordo entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump: a parceria em pesquisa e desenvolvimento (P&D) na área de defesa que se seguiria ao reconhecimento do Brasil como aliado preferencial extra-Otan. O acordo estaria prestes a ser anunciado. Os americanos acenam com o orçamento militar de US$ 750 bilhões, dos quais 15% são em P&D. Como em todo processo complexo, apresentam uma lógica simples: se vão confiar segredos ao Brasil, precisam ter segurança de que serão protegidos de outros parceiros com intenções escusas. E como toda lógica simples demais, fica longe da verdade. Em primeiro lugar, não há hipótese de os EUA compartilharem com o Brasil reais segredos militares. Em segundo, a parceira com o Brasil, por mais robusta que seja, representaria uma migalha do orçamento global.

Sem uma empresa com domínio da tecnologia 5G para chamar de sua, os EUA usam essa fragilidade como fortaleza. Não exigem a contratação de um fornecedor americano. Apontam as alternativas escandinavas, Nokia e Ericsson, como prova de que só querem evitar a associação do parceiro estratégico a uma empresa opaca como a Huawei, que não tem ações listadas em bolsas de valores nem controladores conhecidos.

No início deste mês, porém, o procurador-geral de Justiça dos EUA, Bill Barr, propôs que o controle da sueca Ericsson e da finlandesa Nokia seja assumido por americanos, diretamente, ou em consórcio de empresas privadas americanas e aliadas. O jogo é pesado, ainda para um governo que vem se notabilizando pela falta de tato no tratamento de assuntos sensíveis. Quem terá de arcar com os custos de uma decisão errada não será um time de plantão por quatro ou oito anos, mas os cidadãos pelo resto de seu futuro.

MARTA SFREDO

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