segunda-feira, 23 de dezembro de 2019


23 DE DEZEMBRO DE 2019
PARA O PRÓXIMO ANO

Retomada da economia deve chegar pelo mercado interno

Diante das dificuldades existentes no cenário internacional, a melhora do mercado interno é a aposta para confirmar retomada mais consistente da economia brasileira em 2020. Para especialistas, indicadores como consumo das famílias e investimentos privados indicam reação e podem estimular o Produto Interno Bruto (PIB). O Rio Grande do Sul deve pegar carona no desempenho (leia abaixo).

Em 2019, o PIB brasileiro frustrou estimativas e deve ter avanço próximo de 1% - o Banco Central (BC) fala em 1,2%. Para 2020, as projeções são mais otimistas, na casa dos 2%. Embora indiquem ritmo em aceleração, os números ainda não provocam euforia.

- Há pelo menos dois pontos negativos. O cenário externo dificulta as exportações, e o déficit nas contas públicas atinge os gastos do governo - sublinha o economista- chefe da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), André Nunes de Nunes.

No terceiro trimestre, o consumo das famílias subiu 0,8% frente aos três meses imediatamente anteriores. Nessa base de comparação, a alta foi a quinta consecutiva, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Frente a igual intervalo de 2018, a elevação, de 1,9%, foi a décima em sequência. Na reta final deste ano, houve estímulo pontual da liberação de saques do FGTS.

Para 2020, especialistas enxergam leve reversão no quadro de desemprego, mas reconhecem que o indicador tende a seguir em nível elevado, o que joga contra o consumo. No terceiro trimestre, 12,4 milhões de brasileiros estavam à procura de emprego - o número não foi maior devido ao avanço da informalidade, sinaliza o IBGE. Ainda assim, analistas apontam que o consumo tende a ser beneficiado por inflação e juro baixo.

- Empresários já mostraram maior confiança, mas, desde o início da retomada da economia, não vimos grande melhora no otimismo dos consumidores. Imaginamos que os próximos dados podem sinalizar reação. Algum avanço no mercado de trabalho, somado à liberação de saques do FGTS, pode aumentar a confiança. É essa a faísca que está faltando - sublinha Nunes.

Construção

Segundo o IBGE, os investimentos de empresas para aumento de produção subiram 2% no terceiro trimestre, ante os três meses imediatamente anteriores. Foi a segunda alta consecutiva nessa base de comparação. Chamado de formação bruta de capital fixo (FBCF), o indicador mede o nível de aportes privados para compra de máquinas, equipamentos e materiais de construção. Frente ao terceiro trimestre de 2018, a alta foi de 2,9%, a oitava em sequência.

Os avanços recentes embutem sinais de melhora da construção civil, atingida em cheio pela recessão. No terceiro trimestre, o setor teve crescimento de 1,3%, o segundo em sequência. Além de ser intensiva em mão de obra, a construção é conhecida por espalhar reflexos por outros segmentos da economia. Por exemplo, quando uma pessoa compra um apartamento, também pode adquirir móveis e eletrodomésticos.

No próximo ano, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) projeta avanço de 2,2% do PIB nacional. A economista Luana Miranda pondera que, em 2020, novas crises envolvendo o governo podem afetar reformas estruturais. Além disso, turbulências no cenário externo tendem a trazer obstáculos. Exportações têm sido prejudicadas por fatores como a crise na Argentina

- Em 2019, o crescimento da economia foi reduzido por uma série de choques, como desaceleração global, Argentina e desastre de Brumadinho. Em 2020, a alta do PIB pode ser maior, já que existem condições melhores - diz Luana.

LEONARDO VIECELI

Nenhum comentário: