sexta-feira, 6 de agosto de 2010


Jaime Cimenti

Mulher perdigueira e outros papos

O poeta, professor, escritor e jornalista Carpinejar é um fenômeno. Nascido apenas em 1972, em Caxias do Sul, aquela cidade próxima da eterna e florescente Bento Gonçalves, ele tem produzido muito e rapidamente, e seus textos estão em livros e aparecem diariamente na internet.

As crônicas de Mulher Perdigueira, lançadas há pouco, seguem o caminho iniciado com Canalha!, volume de crônicas que mereceu o 51° Prêmio Jabuti em 2009 e O amor esquece de começar. Fundindo poesia, notícias, ensaios, histórias, informações do cotidiano e tudo mais com um olhar e uma percepção livres como o vento, Carpinejar, como está numa crônica da coletânea, não é homem de abandonar seu temperamento.

Seja qual for tal temperamento ou temperamentos, pelo visto. Na crônica-título, o poeta declara expressamente que é doido, doido varrido, mas bem limpo e que sabe usar furadeira e entrar fácil em parafuso. Ele quer uma mulher que segure seus dois pés e o carregue no colo.

Carpinejar fala de infidelidade masculina e feminina, amizade, filhos, vida de poeta, chicletes, taras, fantasias e de tudo quanto tem vontade. Carpinejar é tipo a gente, hoje em dia, falando tudo, toda hora e em qualquer lugar. Só que ele registra as palavras dele, as da gente e de nosso cotidiano.

É o biógrafo da gente e de nosso tempo pós-moderno ou pós-tudo, sei lá, não estou aí para rótulos e definições definitivas ou provisórias. Ele diz com autoridade poética e sem censura que ambiciona tenistas de minissaias e meias brancas, que a tenista é uma colegial adulta, o internato de seus devaneios e que não há problema em aguardar por elas. Só não vai aprender a jogar tênis, porque aí a fantasia vai para o espaço. Carpinejar está certo. Às vezes a fantasia tem de permanecer só fantasia. Se virar realidade, aí acaba a mágica.

Na apresentação do livro, o professor e escritor Luiz Ruffato escreveu que Carpinejar lê o avesso, inaugura palavras, desinterdita sentidos, descerra conceitos, solta ideias originais assustando a multidão impassível, estabelecendo um diálogo com o público, compartilhando dúvidas, angústias e espantos.

É isso aí, é por aí. Para terminar, diz nosso livre-pensador-poético que o carro é a prótese masculina, a vingança peniana, o revide ao complexo e que compra sempre veículos maiores, de um Fusca para um Gol, daí para um Crossfox e daqui a pouco um Jipe. Na aposentadoria, uma colheitadeira. Boas viagens, Carpinejar! Bertrand Brasil, 334 páginas, telefone 21-2585-2002.

Bem amigos, leitores e leitoras deste blogger, nos proximos dias estarei pelo Canadá. Conforme o corre-corre dos dias poderei entrar ou não em contato com voces. Mas finzinho do mês estarei aqui de novo pertinho de cada um. Um gostoso Agosto para todos voces. E aos papais assim como eu, Feliz Dia dos Pais

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