terça-feira, 3 de agosto de 2010



03 de agosto de 2010 | N° 16416
SANT’ANA


A bela da Padre Chagas

Venho passando pela Rua Padre Chagas, a mais bela rua de Porto Alegre, com seus cafés, lojas restaurantes, bistrôs, uma alegria para os nossos olhos e os outros quatro sentidos.

A Padre Chagas se equivale em humanidade à Avenue Montaigne, em Paris, e à Rua Montauri, em São Paulo.

Ali encontrei sexta à tarde uma mulher belíssima, daquelas de fazer português largar sua padaria nas mãos dos confeiteiros e capelão abandonar a batina.

Ela me abraçou efusivamente e disse: “Digo e provo: estão aqui na minha bolsa, estou te mostrando agora, as últimas 15 colunas que escreveste em Zero Hora. As outras 15 penúltimas colunas tuas estão coladas no meu quarto, na minha sala e na minha cozinha. Nunca parei de te ler. Não sei como é não te ler, faz 10 anos que te leio. Nunca falhei uma coluna”.

Fiquei boquiaberto e, enquanto folheava o maço de colunas que ela me entregou, perguntei-lhe sobre sua vida. Ela disse: “Sou casada há sete anos e meu marido é muito ciumento: tem ciúmes de todo o mundo, menos de ti, posso colecionar quantas colunas tuas bem o quiser, ele não se importa.”

Antes de me despedir da beldade, perguntei-lhe:

– Afinal, senhora, por que seu marido só não tem ciúme de mim?

E ela respondeu:

– Ele me disse que conhece a tua intimidade e sabes que és inofensivo.

E lá fui eu pela Padre Chagas, serpenteando as mesas dos cafés, triste, sozinho e inofensivo.

Meses e anos atrás, eu e toda a imprensa registramos reclamações contra a farmácia estadual pública, que fornece medicamentos gratuitos aos necessitados, incontáveis reclamações, todos os dias gente protestando que não havia mais remédios e que a fila para adquirir os que havia era imensa e insuportável.

Reclamações sobre reclamações. Pois, agora, surpreendentemente, me surge um e-mail afirmando que hoje a realidade é completamente contrária: existem lá os remédios e não tem mais fila. Todo mundo é atendido na hora e vai embora com seus medicamentos.

Isto é um milagre . Não posso deixar de mencioná-lo, eis o e-mail:

“Caro Sant’Ana. Ao cumprimentá-lo, quero manifestar, primeiramente, a minha admiração a tua pessoa, como colunista crítico e consciente, e tomei a liberdade de te escrever.

Acredito que todos nós, cidadãos, devemos ser coerentes com os nossos governantes. Criticá-los nos erros da administração pública e elogiarmos quando ocorre o inverso.

Vejamos, neste momento, estou parabenizando a governadora Yeda e a Secretaria Estadual de Saúde pela eficiência na administração da distribuição dos medicamentos especiais.

Há 15 anos, eu retiro na farmácia especial para doentes crônicos medicamentos para um familiar. Nesses anos já presenciei situações dramáticas. Pessoas idosas, pessoas deficientes, gestantes, mães com crianças pequenas nas filas aguardando atendimento por mais de 3 horas. Muitas vezes, enfrentando as intempéries do nosso clima.

Atualmente, houve uma melhoria no atendimento com a qualificação dos funcionários, as filas diminuíram, ficando quase extintas. Cheguei a perguntar a um atendente qual o milagre que havia ocorrido. Recebi como informação que a administração estadual, através de Secretaria da Saúde, está levando os medicamentos ao domicílio das pessoas com idade acima de 60 anos.

Só tenho elogios para tal iniciativa. Cordialmente, (ass.)Jane Seadi Lipp, assistente social (janelipp@hotmail.com).”

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