04 DE ABRIL DE 2020
CLAUDIA TAJES
Vírus no bolso
O exílio forçado do coronavírus tem servido para uma retomada de hábitos e fatos que acabam se perdendo quando o vivente não acompanha o dia a dia da cidade, do Rio Grande. O chimarrão, claro, não está entre eles. Fique em casa e não compartilhe a bomba nem com os seus filhos. Muito menos com os seus pais velhinhos. Que fase.
Entre o que ficou para trás, as consequências da greve do funcionalismo de novembro de 2019, por exemplo. Em dezembro, os servidores que aderiram tiveram 25% dos seus vencimentos cortados. Justo em dezembro, mês de despesas que já não cabem em um salário cheio. Os funcionários saíram dos 25 dias de greve derrotados. O pacote de medidas que retirou uma série de direitos da categoria foi aprovado. Os salários continuaram atrasados, parcelados e congelados, causa de uma perda estimada de praticamente 30% do poder aquisitivo. Vá explicar para o supermercado, a CEEE, a farmácia, o IPTU, o colégio. Pior. Vá explicar para o filho que pede um brinquedo. A filha que quer ir ao cinema. O tratamento que precisa ser feito. Vá explicar.
Começou 2020 e, com ele, o inferno do coronavírus. O foco todo nos procedimentos para evitar a contaminação e as mortes que nos assombravam pelo mundo. O prefeito de Porto Alegre e o governador do Rio Grande do Sul, ao lado dos demais prefeitos e governadores do país, contra os desmandos federais. Briga de foice, e os dois compraram. Então, no início da semana passada, uma notícia chamou a atenção. Depois de driblar por dois meses a punição pela greve, os funcionários do Hospital Sanatório Partenon receberam 25% a menos nos seus vencimentos. A coluna de hoje, que parece específica para este fato, é na verdade extensiva à situação dos professores e de todos os servidores do Estado.
Puxa, governador Eduardo Leite. Todo mundo reconhecendo o senhor como uma liderança importante nesse que é um dos piores, mais tristes, mais difíceis períodos para o mundo, e o senhor toma uma atitude dessas? Cortar 25% dos vencimentos do pessoal em meio a esse caos? Bem quando os funcionários do Sanatório Partenon, e de toda a Saúde, estão na linha de frente contra a pandemia, trabalhando sem descanso e expostos à covid-19? O Hospital Sanatório Partenon é 100% SUS, referência para o tratamento da tuberculose. Alguns sintomas dessa doença são muito parecidos com os provocados pelo coronavírus. Agora imagine a luta, o estresse e a sobrecarga dos servidores nesse momento.
Enquanto alguns esforços são feitos, até mesmo no Brasil, para aliviar um pouco os trabalhadores da quebradeira geral, os funcionários do Estado vão passar pela pandemia com 25% dos salários cortados. Puxa, governador Eduardo Leite. Precisava disso agora?
Brincadeira do Facebook mistura um fato inventado a outros nove reais - mas que parecem mentira. Alguns que encontrei no FB do cineasta Jorge Furtado:
Resolvi atravessar uma lagoa por uma cerca de arame, sem considerar que o meu peso faria a cerca afundar.
Aos oito anos empreendi, com meus primos, a construção de um túnel sob um riacho para facilitar o acesso ao campinho de futebol.
Fui ver o jogo Grêmio e Esportivo, em Bento Gonçalves, no Estádio da Montanha. Estava lotado, assisti de pé, atrás do gol, choveu o tempo inteiro, o jogo foi zero a zero, e o Raquete, lateral do Esportivo, quebrou a perna do Zequinha, ponteiro direito do Grêmio (e da seleção), bem na minha frente.
No segundo turno da eleição presidencial de 2018, achei que eleger um ou outro dava no mesmo e votei em branco. Brincadeira boa em tempos de sobra. Hashtag fica a dica.
CLAUDIA TAJES
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