sexta-feira, 2 de agosto de 2019


02 DE AGOSTO DE 2019
OPINIÃO DA RBS

O BEM-VINDO CORTE NO JURO


Diante da atividade inerte e da inflação controlada, acerta o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que na quarta- feira anunciou corte da taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 6% ao ano. A queda do juro básico, agora no menor patamar da série histórica, é mais um ingrediente no esforço empreendido para fazer a economia sair do estado de torpor, somando-se a outras frentes, como o bom andamento da reforma da Previdência, a perspectiva de também ganhar ritmo a discussão sobre a simplificação no intrincado sistema de tributos do Brasil e até os saques das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

O essencial, neste contexto, é criar condições para que a queda da Selic chegue à ponta, para consumidores e empresários, e assim os tomadores de crédito possam conviver com taxas um pouco mais próximas de níveis civilizados. O movimento do BC contribui de forma decisiva, mas não é o suficiente. É um objetivo que será alcançado a médio prazo, conforme melhorem outros fatores que formam o custo do dinheiro emprestado a pessoas físicas e jurídicas. 

A liberação de recursos do FGTS é duplamente positiva. Além de injetar dinheiro na economia, dando um empurrão no consumo, fará com que boa parte dos brasileiros endividados consiga acertar as suas pendências e, assim, limpar o nome na praça. Inadimplência, como se sabe, tem uma das maiores influências no nível de juros cobrados dos agentes econômicos.

O Copom acena ainda com a tendência de mais cortes nos próximos meses, o que vai depender, alerta o colegiado, do bom andamento das reformas estruturais. Mais um motivo para se esperar que, a despeito da profusão de ruídos vinda do Planalto, o Congresso e os setores mais técnicos do governo federal arregacem as mangas para levar adiante a pauta modernizante e não se deixem paralisar pelo barulho que nada produz. Salvo surpresas negativas, já há instituições que esperam a Selic em 5% ao final de 2019 - com reflexos positivos para o próximo ano - e a possibilidade de manutenção de um patamar baixo por um bom tempo, favorecendo investimentos produtivos, geradores de emprego, renda e atividade.

Os sinais mais recentes da economia são mistos. A produção industrial segue em queda, como mostrou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por outro lado, o desemprego apresentou uma tímida queda. Ínfima, mas importante por sinalizar que o mercado de trabalho não se deteriorou ainda mais. Analistas ouvidos pelo boletim Focus, também do BC, há duas semanas pararam de prever números piores para o PIB de 2019. O estímulo via corte de juros, portanto, é bem-vindo e fundamental, também em um momento em que os bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa começam um movimento no mesmo sentido.

OPINIÃO DA RBS

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