
03 de Junho de 2025
OPINIÃO RBS
Aumento de fumantes requer atenção
Merecem atenção os dados divulgados pelo Ministério da Saúde na semana passada indicando que, pela primeira vez desde 2007, cresceu o número de fumantes adultos no Brasil. Os números se referem aos cigarros convencionais, e não aos eletrônicos, que também preocupam pelo aumento de usuários no país.
De acordo com a pesquisa realizada nas capitais estaduais e no Distrito Federal, 13,8% dos homens fumavam no ano passado, ante 11,7% em 2023. Entre as mulheres, a taxa passou de 7,2% para 9,8%. Mas a edição anterior do trabalho de acompanhamento já havia disparado sinais de alerta. Em 2023 foi notada maior adesão ao hábito de fumar na faixa etária de 18 a 34 anos. Deve-se buscar saber mais detalhes sobre quais razões estão levando o público jovem ao tabagismo e trabalhar a conscientização para evitar que se torne uma tendência consolidada.
No Brasil e no mundo, a quantidade de usuários de tabaco vem caindo nas últimas décadas pela compreensão sobre os malefícios para a saúde e por políticas regulatórias e legislações que inibem o consumo em uma série de ambientes. Pesquisa divulgada no ano passado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou que, em 2022, um em cada cinco adultos no planeta consumia tabaco, contra uma proporção de um para três em 2000.
É largamente conhecida, por exemplo, a associação com o câncer de pulmão, assim como de outros órgãos, e outra grande variedade de enfermidades, como as cardiovasculares. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) traz estatísticas que falam por si. O câncer de pulmão é a terceira doença mais comum nos homens. Nas mulheres, a quarta. Em 85% das vezes está relacionado ao cigarro. Os custos diretos e indiretos de doenças relacionadas são de bilhões de reais anuais para o sistema público de saúde.
Especialistas apontam uma série de razões para o crescimento do número de fumantes. Entre elas, a introdução de sabores e aromas nos produtos derivados do tabaco, a existência pulverizada de pontos de venda e até o preço, que seria o segundo mais barato das Américas. Além do mercado formal, sabe-se da volumosa entrada de falsificados ou contrabandeados, ainda mais acessíveis em termos de custo. Diferentes estimativas apontam que metade do consumo no país é de produtos ilegais.
Mas há outras irregularidades que facilitam o acesso. Estabelecimentos não podem vender cigarro para menores de idade. Na prática, a proibição é letra morta. Uma pesquisa do Inca divulgada no ano passado apontou que nove em cada 10 adolescentes fumantes conseguiam adquirir o produto no comércio formal. Grassa ainda a compra avulsa de cigarros, também vetada pela legislação. Os eletrônicos, também conhecidos como vapes, da mesma forma têm a venda desautorizada no Brasil.
É fácil notar que não faltam proibições e restrições ligadas ao consumo e à comercialização do cigarro. Mesmo que seja possível aperfeiçoar o arcabouço legal, resta nítido que evitar uma nova elevação da epidemia de tabagismo depende do reforço da disseminação de informações corretas para a conscientização sobre os riscos associados ao vício. Os mais jovens, incluindo os adolescentes, devem ser o público prioritário.
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