
Os invisíveis da nossa Capital
Uma CPI é sempre um julgamento político. E é a partir desta perspectiva que devemos observar o final do processo na Câmara Municipal que investigou o incêndio na Pousada Garoa (ocorrido em 2024). O relatório, de autoria do vereador Marcos Felipi (Cidadania), foi aprovado por sete votos a quatro. Sem novidade, uma vez q?ue a conformação do grupo da CPI obedece à proporção da Casa, onde a prefeitura tem maioria. A investigação concluiu que houve negligência grave no caso e recomendou que o proprietário do local, André Kologeski, seja responsabilizado civil e criminalmente. O relatório oficial livrou agentes públicos de responsabilidade.
O voto de discordância do presidente da CPI, também chamado de relatório paralelo, do vereador Pedro Ruas (PSOL), chamou atenção. Não pelo voto em si - discordâncias são habituais em CPIs. A questão é a gravidade das acusações nele embutidas: Ruas acusou o prefeito Sebastião Melo e outros agentes públicos de homicídio doloso (dolo eventual). Disse que se baseia na teoria do direito chamada "omissão penalmente relevante", que ocorre quando alguém, tendo o dever legal ou contratual de agir para evitar um resultado, deixa de fazê-lo.
- Essas pessoas que morreram acreditaram na prefeitura - afirmou.
A coluna procurou o prefeito, que até o fechamento da edição não havia se manifestado. O relatório irá para o Ministério Público, a quem caberá oferecer ou não denúncia sobre pessoas citadas. Meu ponto não é esse. A questão é que Porto Alegre precisa repensar a forma como lida com pessoas em situação de rua. Dias atrás, o repórter Vitor Rosa, da RBS TV, mostrou como esse contingente é obrigado a sair dos abrigos logo pela manhã, às vezes, em meio à chuva e ao frio. Pior: utilizando sacos de lixo como proteção. É bem fácil compreender por que muitas dessas pessoas rejeitam ir para o abrigo.
Além de não poderem levar animais de estimação, pertences, têm de seguir regras draconianas e são enxotados cedo da manhã. Já passei uma noite nesses abrigos, como repórter, e sei como é. A política pública para pessoas em situação de rua não está funcionando. A tragédia da Garoa é, infelizmente, apenas sintoma de como estamos lidando com os invisíveis da Capital. _
Um exemplo sustentável em Porto Alegre
Inaugurada na quarta-feira, a nova sede da Unimed Federação/RS é um colosso em termos da engenharia, com muita inovação. Mas, na visita que a coluna fez ao prédio, na Rua Santa Terezinha, chamou muito a atenção a questão da sustentabilidade. _
Confira
Captação de água da chuva para manutenção do jardim, bacias sanitárias e bacia de retenção da água da chuva, evitando acúmulo na rede pública;
Geração de energia fotovoltaica;
Carregadores para carros elétricos;
Ar-condicionado eficiente quanto ao consumo de energia;
Renovação de ar garantindo a saúde dos usuários e troca entre ar quente e frio, reduzindo grande parte consumo de energia;
Isolamento térmico eficiente tanto nas paredes quanto no vidro duplo;
Piso elevado e sistemas de divisórias leves, permitindo alterações de layout sem necessidade de obra, sem gerar resíduos;
Aproveitamento do máximo possível da estrutura do edifício existente;
Manutenção, dentro do possível, do perfil natural do terreno;
Manutenção da vegetação existente e plantação de novas mudas de árvores nativas.
Mais um gaúcho premiado em Cannes
A peça publicitária do Projeto Memento Beer, cerveja da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) que ajuda a reduzir o risco de Alzheimer, ganhou Leão de Prata no Cannes Lions International Festival of Creativity, um dos mais importantes prêmios da publicidade.
Assinada pela agência Ogilvy Health, a campanha venceu na categoria Health & Wellness - Nutracêuticos. O projeto contou com o apoio do cientista gaúcho Glauco Caon, que atuou como consultor científico da produção. Para a receita da Memento Beer, a Abracerva leva em conta pesquisas científicas já publicadas. A bebida é feita sem álcool. _
Entrevista - Danúzio Neto - Professor e palestrante
"Meu papel é dar o máximo de contexto para o público tirar conclusões"
Danúzio Neto é criador de um dos maiores perfis brasileiros de inteligência de fonte aberta (Osint) e esteve em Porto Alegre em evento do Instituto de Estudos Empresariais (IEE).
Pode explicar de forma simples o uso de fonte aberta?
É quando a pessoa foca em analisar apenas informações que estão disponíveis para todos. Colho essas informações diariamente e vou fazendo uma organização de tudo que chega até mim. Tenho contato com conteúdos de fontes pró-Ucrânia, pró-Rússia, fontes oficiais, diretamente no site do Kremlin ou na página da Casa Branca.
Você divulga as informações direto ou faz uma curadoria?
Depende. Quando estourou a guerra na Ucrânia, eu ia vendo essas fontes, esses canais, essas pessoas envolvidas no conflito. Ia divulgando para o meu público de maneira encadeada, que fizesse sentido, como se estivesse contando uma história para que as pessoas se sentissem lá na guerra.
Você consegue checar se as informações são verdadeiras?
Às vezes não consigo, o meu papel é dar o máximo de contexto possível para o meu público, para ele tirar suas conclusões. O jornal normalmente se limita a noticiar: "O Ministério da Saúde de Gaza informou que houve 300 mortos". O que tento fazer para dar um contexto maior ao meu público é dizer: "O Ministério da Saúde de Gaza, que é comandado pelo Hamas, informou que..." Então, a pessoa tem informação a mais para ela própria tirar conclusões. Quem me deu essa informação foi uma fonte aberta, no caso o Ministério da Saúde comandado pelo Hamas. Pego o posicionamento de Israel também, naquele caso especificamente, coloco para o meu público e ele tem as ferramentas para sua conclusão a partir do que apresentei ou investigar por conta própria, buscar outras fontes e analisar imagens. A ideia é democratizar esse tipo de conhecimento, que não vai estar apenas comigo. _
INFORME ESPECIAL
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