quarta-feira, 16 de outubro de 2019



16 DE OUTUBRO DE 2019
CURTO-CIRCUITO

Sem energia, parte da Ceasa tem lojas fechadas

Desde o último dia 9, o setor de serviços da Ceasa, no bairro Anchieta, na zona norte de Porto Alegre, está sem energia elétrica. Cerca de 20 estabelecimentos operam no local, conhecido como Centro de Utilidade Pública - representa 5% de todas lojas da central de abastecimento do Estado. Não há previsão para a volta da energia no local, mas a direção da Ceasa informou que, na noite de ontem, o fornecimento de luz em todo o complexo foi reestabelecido por meio de geradores contratados.

A queda da luz foi causada na quarta-feira passada por um gato que entrou em uma subestação de abastecimento, causando curto-circuito, que deixou todo o local desabastecido por 24 horas. O animal morreu.

Desde então, parte do comércio operava parcialmente com uso de geradores a óleo diesel. - Um caos. Desliguei balcões e contratei o gerador para diminuir o prejuízo. As pessoas entram, veem que falta coisa e vão embora - explica Guilherme Gehlen, 32 anos, dono do Super Agro.

No atacado Soul Alimentos, as perdas estimadas passam de R$ 100 mil, segundo o comerciante Carlos Marcon, 55 anos. - Quinta é o melhor dia de negócio, e passei o dia todo sem luz. Vendi 15% dos R$ 80 mil que comercializo em média - avalia, ao somar o custo de R$ 4 mil do aluguel e combustível do gerador.

Por hora, cada equipamento consome entre 20 e 25 litros de óleo diesel para fornecer a energia aos pontos. O aluguel diário varia de R$ 1,3 mil a R$ 1,7 mil.

As duas agências bancárias que atendem a Ceasa também estão fechadas desde o incidente, e funcionários foram realocados em outras unidades. Sem condições de bancar os custos do gerador, o restaurante Casa Nova segue às escuras. No dia em que a energia foi cortada, o dono diz ter perdido um freezer lotado com sorvetes, com prejuízo de R$ 1,2 mil. Ontem, os refrigeradores estavam desligados e de portas abertas.

- Não dá para usar a fritadeira elétrica e nem vender cerveja ou ligar os ventiladores - reclama Edson Mallmann, 50 anos. Günther Baingo, 61 anos, tinha, ontem pela manhã, duas, de oito câmaras frias, ligadas.

- Joguei muita carne fora - diz o proprietário de um negócio.

Explicações

O presidente da Ceasa, Ailton dos Santos Machado afirma que um cabo subterrâneo se rompeu após o curto-circuito. Toda a estrutura elétrica foi instalada há 46 anos, quando o espaço foi inaugurado. Para voltar a abastecer 100% das lojas, ele havia prometido a contratação de mais geradores (ligados ontem à noite), bancados pela administração, e disse que haverá compensações nas contas de luz.

O dirigente explica que não há previsão para retomada da energia elétrica, pois ainda aguarda laudo que vai apontar possíveis reparos. Segundo ele, foram investidos R$ 3 milhões nas estruturas, nos últimos dois anos, e um novo sistema aéreo está em fase de licitação, devendo levar ao menos 90 dias para ser instalado.

Diretor técnico-operacional da Ceasa, o engenheiro Paulo Regla justifica que há três anos houve testes nos cabos, que atestaram que o sistema poderia operar por um período, até a substituição:

- Com nova rede aérea, fica fácil identificar o problema. Hoje, fica tudo a três metros do chão, inviável.

TIAGO BOFF

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