sexta-feira, 18 de outubro de 2019


18 DE OUTUBRO DE 2019
INFORME ESPECIAL

Não sei se eu tô certo ou se eu tô errado

A plateia levemente grisalha foi se soltando aos poucos. De Volta para a Garagem transformou o Opinião em teatro. Foi uma celebração. Em uma casa abandonada da Porto Alegre dos anos 1980, os roqueiros Flávio Júpiter Maçã Basso (Bruno Bazzo), Edu K (Samuel Reginatto), Charles Master (Leonardo Barison), Frank Jorge (Zé Fernandes) e Biba Meira (Nina Rouge) se encontram para conversar, pirar e tocar.

Toda estreia tem suas tensões e sobressaltos, que foram bem administrados pelo elenco e pela técnica. Para quem não acredita em coincidências, na peça chove lá fora. E chovia mesmo em Porto Alegre.

Ao diretor, Bob Bahlis, um grande aplauso. O Bob é um queridão. Nesses tempos de ranço e radicalismo, conseguiu levar ao palco boa música e recados claros sobre liberdade e igualdade de gêneros, sem cair na tentação fácil de apelar aos clichês. Faz uma homenagem pra lá de justa à Katia Suman, rainha-mãe do rock na Rádio Ipanema, e logo depois uma referência carinhosa ao Galpão Crioulo, programa da RBS TV.

Bandas como Taranatiriça, Garotos da Rua, De Falla, TNT e Graforréria Xilarmônica foram formando uma playlist potente e quase nostálgica. No fim, dois dos atores se encontraram, no palco, com seus eus de verdade. Biba Meira e Charles Master se juntam ao elenco na finaleira do show.

Uma cena divertida e bonita disse quase tudo. Charles Master deu uma canja do clássico Não Sei, ao lado de Leonardo Barison (que interpretou Charles Master). No trecho "Neste mundo, eu sou eu você é você", apontaram um para o outro e sorriram sorrisos de verdade. A vida e a ficção, ao som da guitarra. É tri Porto Alegre. Em novembro, tem mais.

TULIO MILMAN

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