terça-feira, 22 de outubro de 2019



22 DE OUTUBRO DE 2019

DAVID COIMBRA


A apresentadora do Ceará no "Jornal Nacional"


Você viu a moça do Ceará que apresentou o Jornal Nacional no sábado passado? Tinha de ver. Ela se chama Taís Lopes, é loira, tem 29 anos e uns ares de Charlize Theron.

Sexta-feira, no último bloco do JN, ela e um apresentador do Tocantins foram convocados para sentar-se à bancada com o Bonner e a Renata. Taís acomodou-se na cadeira, sorriu, começou a falar e, naquele momento, todas as luzes incidiram sobre ela. O clima do jornal mudou, o brilho da TV aumentou. Em 30 segundos, os outros três apresentadores tornaram-se subalternos e cinzentos.

Taís é muito bonita, mas não foi só a sua beleza física que fez aquela mágica. Ela emanou uma jovialidade e um frescor que despertavam no espectador a vontade de ficar olhando para ela e ouvindo o que dizia. Carisma. A moça tem carisma.

Hoje em dia, a maioria das mulheres reage mal a análises que se refiram apenas a seus atributos físicos. É compreensível, porque elas querem ocupar mais espaços na sociedade, o que, aliás, já conseguiram, pelo menos em grande parte do Ocidente.

Mas é triste quando o elogio à beleza é desprezado. Porque a beleza física, afinal, não é meramente física. Quer dizer: a pessoa não teve apenas a sorte de nascer com um corpo proporcional e um rosto harmônico. Há mais ali. A prova disso é que muitas pessoas são belas em fotos, mas, quando você as conhece pessoalmente, elas perdem o encanto e, às vezes, até enfeiam. Já outras, que não são bonitas pelos, digamos, critérios ortodoxos, quando as conhecemos elas se agigantam e ficam atraentes, quase irresistíveis.

Isso é que é o bonito da beleza. Mostra que temos uma capacidade de percepção que vai além dos cinco sentidos. Não é nada sobrenatural, nada transcendental. É físico. Só que faz parte de um conjunto de faculdades que possuímos e que, não raro, é subestimado.

Agora mesmo nós estamos recebendo miríades de informações através dos nossos sentidos e só selecionamos algumas poucas dezenas. Se você fixar o olhar nessa letra "O", por exemplo, sua atenção ficará concentrada nesse mínimo espaço, mas seus olhos continuarão captando uma série de imagens no entorno. 

Se algo alarmante surgir em um canto, como, sei lá, uma aranha que cai do teto, seu cérebro de imediato ordenará que a sua atenção se direcione para aquela suposta ameaça e resolva a situação de perigo. Antes, o que havia nas margens da sua visão não existia. Agora, só isso passou a existir. Assim acontece com os demais sentidos. Você está a todo segundo recebendo informes, mas só alguns ganham importância. Como um editor de jornal: são milhares as notícias que chegam à redação, todos os dias, mas poucas serão publicadas e menos ainda irão para a capa.

Você, ao ser enfeitiçado pela beleza de outro ser humano, não foram apenas as características físicas dele que o encantaram. Foram informações subliminares que você assimilou sem tê-las racionalizado. São dados sensoriais, sim, mas tão sutis, que você não percebe conscientemente e talvez chame de "energia".

A apresentadora do Ceará, sei o que ela transmitiu, com sua alegre naturalidade: ela parecia uma pessoa boa, que só daria notícias boas. E o que pode ser melhor do que uma pessoa que traz notícias boas?

DAVID COIMBRA

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