terça-feira, 21 de junho de 2011



21 de junho de 2011 | N° 16736
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA


Uma resposta

Leio reportagens sobre longevidade. Os autores recomendam pensamento positivo para reduzir o stress; manter-se em forma fazendo ginástica; permanecer casado e ganhar assim alguns anos; ter hobbies como jardinagem ou culinária; não trabalhar duro, relaxar; evitar preocupações, procurar uma religião; cuidar dos filhos; sentir-se amado; ter bom caráter.

Pensamento positivo me lembra aqueles velhos manuais americanos de como vencer na vida e fazer amigos, mediante fórmulas decoradas. Manter-se em forma é uma excelente ideia, mas ao invés de ginástica prefiro as longas caminhadas, como as que pratico diariamente. Permanecer casado é um assunto íntimo, em que os cientistas não deveriam interferir.

Manter hábitos como culinária ou jardinagem é algo que não me atrai. Frei Luís de León já ensinava há séculos que ser feliz é questão de natureza ou inclinação. Não trabalhar duro é um excelente conselho, mas difícil de seguir nestes tempos ásperos que navegamos. Evitar preocupações é uma utopia. Hoje cada dia é um desafio e cada manhã começa com a dúvida de que seu carro ainda está no lugar onde você o deixou.

Procurar uma religião faz sempre bem ao coração e à alma, mas há que dissociar as sérias desse empório de propaganda que lhe servem todos os dias na televisão. Cuidar dos filhos tem um sinônimo: amá-los. Não há mais verdadeira vocação para um pai. Sentir-se amado é a recíproca. E esta frase serve também para as amadas, os amigos e todos aqueles que nos são caros ou próximos. Ter bom caráter é uma condição de nossa caminhada sobre a Terra. Sem ela, não somos ninguém.

Mas digamos que você tenha seguido todos os conselhos dos repórteres da longevidade. Aí então se abrirão quase todas as perspectivas de uma vida longa e plena.

Não se trata de uma ilusão. Meu avô viveu 106 anos de uma trajetória que nos orgulhava a todos, seus filhos, netos, bisnetos e trinetos.

E aqui chego ao ponto que me inspirou esta crônica. Como empregar a longevidade, a vida extra que nos acrescentarem? Só tenho uma resposta: dividindo fraternidade e amor com todos os que nos acompanharam.

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