segunda-feira, 20 de junho de 2011



20 de junho de 2011 | N° 16735
LUIZ ANTONIO DE ASSIS BRASIL


A Ospa é de todos

Todo processo de gestão cultural exige, tal como em outras áreas, o estabelecimento de prioridades. A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre possui, há décadas, uma pauta prioritária e sucessivamente adiada, que é a construção de sua casa: um espaço que abrigue a sala de concertos, mas também tudo o que diz respeito ao funcionamento de um grupamento musical desse nível: camarins, locais de guarda de instrumentos, escola de música, setores administrativos, entre outros.

Ademais, a sala de concertos deve possuir condições perfeitas de acústica. Em suma: tudo o que a Ospa não dispõe, no presente momento. Seus músicos ensaiam em lugar não adequado, sujeitos a um volume sonoro incompatível com o regular exercício das atividades desses profissionais. Os concertos acontecem em espaços generosamente cedidos por entidades públicas e privadas.

Os recursos estaduais destinados à Cultura, vindos do governo anterior, significam 0,07% do orçamento do Estado – a pior porcentagem do Brasil –, o que inviabiliza, neste momento, qualquer possibilidade de ação imediata no sentido de resolver esse quadro desfavorável. Mas há novidades.

Por iniciativa do governo atual, ainda antes de assumir – no que foi apoiado por toda a bancada gaúcha em Brasília, independentemente de partidos –, ficou consignado, via emenda parlamentar, um valor que, depois de seu processamento, resultou em R$ 20 milhões. Trata-se de uma quantia expressiva, hábil a permitir o início da obra, estimada em 35 milhões.

A ministra da Cultura, há duas semanas, assegurou ao Estado seu empenho na rápida liberação desse recurso. As tratativas estão adiantadas, a ponto de a ministra prever sua vinda ao Rio Grande no mês de julho para assinatura do ato correspondente.

Cabe dizer, entretanto, que construir a sede da Ospa não é apenas um encargo do governo, não apenas do Presidente da Fundação ou do Secretário da Cultura, mas de toda a sociedade – assim acontece em todos os países de alta densidade cultural.

Sabemos que há vários empresários dispostos a dar a sua parte; sabemos que há inúmeros cidadãos privados que não abdicam de contribuir. Começam a surgir lideranças políticas comprometidas com o projeto. Temos, portanto, a vontade; agora precisamos de uma aliança de esforços dos diferentes níveis da sociedade. A Orquestra dela surgiu, e este caráter deve ser mantido.

Enfim: a Ospa é de todos, como noticiou o feliz título de recente matéria de Zero Hora.

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