sábado, 18 de junho de 2011



18 de junho de 2011 | N° 16733
ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES


Dia de Santo Antônio

Um dia depois do Dia dos Namorados é o dia de Santo Antônio. Foi no 13 de junho de 1231, que o monge franciscano morreu perto de Pádua, aos 36 anos. Muito moço ainda, este religioso português já era famoso como orador sacro, e a ele eram atribuídos milagres, como o de possuir o dom da ubiquidade – o de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Por feitos assombrosos, apenas 11 meses depois de morto já era canonizado pelo Papa...

Em Portugal e no Brasil, ele é talvez o mais venerado dos santos. É considerado o santo casamenteiro por excelência e o achador das coisas perdidas, espécie de Negrinho do Pastoreio do catolicismo. No Rio Grande do Sul, é o santo adorado pelas moças que buscam o casamento. Especialmente no seu dia, elas fazem mil promessas e simpatias, algumas das quais, curiosamente, poderiam facilmente ser catalogadas como magia negra.

Por exemplo: virar a imagem do santo para a parede, só desvirando quando aparecer o noivo. Outra: enforcar a imagem do santo. Ainda outra: tirar a imagem do Menininho que está em seu braço e só devolvê-la quando o santo atender as súplicas da moça desesperada por um casamento.

A diferença entre magia branca e magia negra é a seguinte: na primeira, o crente PEDE à divindade (no caso, Santo Antônio) a graça que deseja alcançar. Na magia negra, o crente pretende ter forças poderosas para OBRIGAR a divindade a satisfazer o seu pedido.

No Rio Grande do Sul, o santinho de Pádua é alvo tanto da magia branca (simples pedidos) como na magia negra (chantagens, ameaças) como se viu dos exemplos acima. O folclorista gaúcho Paixão Côrtes foi quem, entre nós, mais estudou a devoção dos chamados Santos de Junho: Santo Antônio, São João e São Pedro. Ele estudou a fogueira de Santo Antônio, que é quadrada na forma, bem como os alimentos recomendados em sua festa, basicamente os mesmos da festa de São João.

Há entre nós uma oração muito poderosa para afastar tormenta que, em duas vezes eu rezei quando se armava uma festa muito importante do Instituto de Folclore. E nas duas vezes o bom santinho afastou a tormenta que parecia iminente. A oração é a seguinte: “Santo Antônio pequenino / Se vestiu e se calçou./ Para o céu se encaminhou./ O santinho, no caminho,/ O bom São Pedro encontrou./ Onde vai, Santo Antoninho? / (São Pedro lhe perguntou) / Se agora só chove e venta? / Vou ao céu, meu bom São Pedro / Acalmar essa tormenta”.

Mas existem muitas rezas folclóricas para Santo Antônio, que os folcloristas custam a pesquisar, porque os crentes acham que, se as ensinam, essas rezas perdem a força.

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