O melhor ataque do país
Já estou iludido. Já estou sonhando. Mas não é o Palmeiras, nem o Flamengo, muito menos o Atlético Mineiro que tem o melhor ataque do país, é o Inter. A vinda de Rafael Borré por 6,2 milhões de euros sacramenta essa verdade no início da temporada.
O presidente Alessandro Barcellos, tão criticado na vida, merece os créditos. Parece que não está para brincadeira na sua segunda gestão. Antecipou para hoje a chegada do reforço, em uma longa negociação primeiramente com o Eintracht Frankfurt, detentor dos direitos do jogador, e depois com o Werder Bremen, equipe à qual havia sido emprestado, para a sua imediata liberação, reduzindo a multa rescisória de 1,5 milhão de euros para 200 mil euros.
Que o aeroporto Salgado Filho, no início da tarde de hoje, seja invadido pela charanga colorada para recepcionar o novo camisa 19 do Clube do Povo, incremento importante para a Copa do Brasil e quartas de final do Gauchão.
É a segunda maior negociação da história do clube, e talvez a mais acertada em custo-benefício. Borré não se integra ao plantel para se aposentar, com as facilidades de transferência por um fim de carreira. O colombiano se encontra no auge da trajetória, aos 28 anos. É titular da seleção do seu país, campeão da Libertadores e da Recopa pelo River, egresso da competitiva Bundesliga.
É aquela figura incômoda, ameaçadora e letal dentro da área. Costuma tabelar rapidamente para se infiltrar perto do gol. Destro, soberano do lado direito, busca a bola para sua entrada de surpresa, num movimento chamado de "facão", aproveitando uma cochilada da defesa ou em jogada combinada nas costas dos zagueiros.
O Inter dispõe agora de um esquadrão ofensivo dos sonhos, devendo atender ao esquema clássico 4-1-3-2 do treinador Eduardo Coudet.
Imagine a beleza do tabuleiro: o chileno Aránguiz passa a ser o primeiro do meio-campo, Alan Patrick recua da função de segundo atacante para a de meia central, ambos servirão dois atacantes altamente agressivos, o equatoriano Enner Valencia e Borré, além de Maurício e Wanderson fechando os corredores. Será um deus me acuda de velocidade, um espanto de marcação alta, um escândalo de finalização.
Trata-se de um ataque 100%, e eu provo. Casualidades não existem diante das superstições necessárias aos títulos. Podemos somar os números das camisetas de Aránguiz (20), de Alan Patrick (10), de Enner (13), de Borré (19), de Mauricio (27) e de Wanderson (11), e teremos a soma perfeita e inacreditável de cem. Só um louco e fanático como eu para fazer a conta.
O que me põe a delirar é que já tivemos, nas últimas décadas, grandes centroavantes isolados - Nilmar, Nilson, Fernandão, Damião -, mas jamais um meio de campo e ataque com tantas opções e peças de destaque.
Não é apenas time, mas elenco, levando em consideração toda a nossa armada beligerante, que também apresenta no banco as reservas luxuosas de Alario, Lucca e Wesley.
Será que estamos nos aproximando do rolo compressor de 1975-1976, responsável pelo octa gaúcho e bicampeonato nacional? Quem se lembra de Paulo César Carpegiani (Batista), Caçapava e Falcão; Valdomiro (Jair), Flávio (Dario) e Lula (Escurinho)?
Naquela época, testemunhamos um massacre: 51 gols marcados em 30 partidas (média de 1,7 gols por jogo) no Brasileiro de 1975, e 59 gols marcados em 23 partidas (média de 2,5 gols por jogo) no Brasileiro de 1976.
Ainda que falte um lateral-esquerdo, ainda que o nosso goleiro atual se mostre inexperiente, posso assegurar que a dor de cotovelo de Luis Alberto Suárez, estrela da campanha gremista do ano passado, está finalmente curada.
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