04 DE MARÇO DE 2024
OPINIÃO DA RBS
O DINAMISMO DO CAMPO
O potencial agropecuário do Brasil espanta o mundo. O país lidera as exportações globais em uma série de grãos, fibras e proteínas animais. A segurança alimentar do planeta passa pelos produtores brasileiros. Esse patamar não foi alcançado ao acaso. É fruto da dedicação de homens e mulheres do campo e da consciência quanto à necessidade de buscar constantemente o aumento da produtividade. Foi isso que fez o agronegócio se tornar o setor mais dinâmico e competitivo da economia nacional.
Muito dessa história passa pelo Rio Grande do Sul. Tanto pela produção primária gaúcha, uma das maiores e mais tradicionais do Brasil, quanto pelo papel de protagonismo da indústria voltada ao setor, como a de máquinas agrícolas. Deve ser lembrada, também, a migração de agricultores gaúchos que, em décadas passadas, se aventuraram por outras regiões do Brasil, abrindo novas fronteiras agrícolas.
Um dos diferenciais do agronegócio, ao longo dos anos, tem sido a compreensão da importância de sempre incorporar novas tecnologias para produzir mais no mesmo espaço. É nesse contexto que feiras como a Expodireto Cotrijal ganham importância.
Conhecida pelo profissionalismo, a mostra realizada em Não-Me-Toque, no norte do Estado, chega a sua 24ª edição.
A Expodireto, que começa hoje e vai até sexta-feira, está consolidada como um dos mais importantes eventos do gênero na América Latina, tanto pelo volume de negócios como pelo caráter de vitrine das principais inovações e lançamentos em máquinas, equipamentos, insumos, serviços e pesquisas. Ali está a tecnologia de ponta que, em breve, será vista disseminada por campos, lavouras e criatórios para gerar mais produtividade, renda para os produtores, PIB e divisas para o Brasil.
Não é por acaso que, todos os anos, uma série de missões estrangeiras visita a Expodireto Cotrijal para conhecer novidades, tendências e fazer contatos comerciais. Neste ano chegam a Não-Me-Toque representantes de mais de 70 países. Destaque para os chineses, principais clientes das exportações do Rio Grande do Sul e do Brasil.
É verdade que, pela ótica dos produtores, a conjuntura momentânea indica certa cautela para os negócios. O preço de commodities como a soja, carro-chefe do agronegócio do Estado e do país, está bastante abaixo do mesmo período do ano passado. O juro, outro fator que influencia no ímpeto para investir, segue em patamar restritivo, embora em trajetória de queda. Mas períodos desafiadores não são novidades para a agropecuária. O principal é que a tendência segue sendo de um horizonte promissor para os produtores. Ademais, a feira organizada pela Cotrijal é também um importante ponto de encontro para uma série de eventos paralelos destinados a debater os principais temas de interesse do agro.
No Rio Grande do Sul, onde os problemas climáticos se repetem, uma das principais pautas é outra vez a irrigação. Não apenas para diminuir perdas em períodos de estiagem. Ter água no momento certo também significa elevar o potencial produtivo das lavouras. O governo gaúcho apresentou na semana passada uma segunda etapa do seu programa para aumentar a área cultivada no Estado que não depende apenas da chuva. A iniciativa, mesmo bem-vinda, ainda é insuficiente para as necessidades do Rio Grande do Sul.
Ainda falta solucionar os impasses legais e ambientais que impedem a reservação de água em áreas de preservação permanente (APPs). É preciso crer que, com diálogo e uso de conhecimentos técnicos, será possível encontrar formas de mais uma vez conciliar proteção à natureza e necessidades econômicas. Trata-se de um consenso basilar para se contornar um dos principais gargalos do agronegócio do Estado.
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