terça-feira, 13 de novembro de 2018


13 DE NOVEMBRO DE 2018
OPINIÃO DA RBS

DEFORMAÇÕES NAS FINANÇAS GAÚCHAS


Os poderes, a começar pela Assembleia, na sua composição atual e na que assume em 2019, precisam refletir sobre qual é a prioridade para recursos cada vez mais escassos

Os atrasos nos repasses do governo estadual para hospitais filantrópicos e municípios, que em alguns casos já vêm cancelando consultas e cirurgias, é o exemplo mais ilustrativo das consequências das deformações na destinação de recursos pelo setor público. Por isso, os dados levantados por Zero Hora deveriam servir de alerta para parlamentares que, na Assembleia, ameaçam colocar em votação uma reposição salarial de 5,58% justamente para as categorias mais bem remuneradas do funcionalismo. Se a intenção for concretizada, o resultado óbvio será uma redução ainda maior nas margens de ação do futuro governador, Eduardo Leite. Os prejuízos serão particularmente significativos para contribuintes que dependem mais de serviços prestados pelo poder público.

Só em setembro, o Piratini destinou R$ 384,5 milhões em duodécimos para bancar salários e custeio nos demais poderes. No mesmo mês, os repasses para a saúde - basicamente, hospitais e aquisição de medicamentos - limitaram-se a R$ 41,2 milhões. O montante destinado a toda a população na área de saúde, incluindo a parcela mais carente de atenção do poder público, é mais de nove vezes inferior ao repassado para um número restrito de servidores que atuam nos demais poderes.

O inchaço na máquina pública vem de décadas. Se não for estancado e revertido, essa situação caracterizada por falta de investimentos, mais impostos, menos empresas, menos empregos e menos arrecadação seguirá em seu círculo vicioso. Os governadores vêm demonstrando coragem de enfrentar o desgaste. Agora, cabe aos deputados legislarem com olhar sobre todo o Rio Grande do Sul, sem mantê-los direcionados apenas a determinadas parcelas do funcionalismo.

Em âmbito nacional, a reação ao reajuste salarial dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) uniu diferentes vozes em contrário a partir das redes sociais. Demonstrou assim que o contribuinte já não está mais passivo em relação ao destino do dinheiro que desembolsa como impostos.

As eleições evidenciaram que a população manifestou o desejo de renovação dos parlamentos - não apenas de nomes, mas sobretudo de práticas. Os eleitores não aceitam mais a atuação no parlamento para minorias organizadas, sejam elas grupos de pressão econômicos ou corporativos. Os poderes, a começar pela Assembleia, na sua composição atual e na que assume em 2019, precisam refletir sobre qual é a prioridade para recursos cada vez mais escassos.

OPINIÃO DA RBS

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