segunda-feira, 19 de novembro de 2018


19 DE NOVEMBRO DE 2018
+ ECONOMIA

OLHO GRANDE, TOMBO MAIOR

Após cerca de dois meses de certa estabilidade, a cotação do bitcoin, principal criptomoeda do mundo, voltou a desabar na quarta-feira, deixando investidores/especuladores em alerta. O tombo de 9% seguido por novas desvalorizações nos dias seguintes aconteceu a pouco mais de um mês do aniversário de um ano do estouro da bolha. No dia 15 de dezembro de 2017, fechava a quase US$ 19,2 mil, após uma fantástica disparada de 2.000% desde janeiro. Depois, foi ladeira abaixo. Negociado 24 horas por dias, inclusive nos finais de semana, ontem girava ao redor de US$ 5,6 mil. Perdeu mais de dois terços do valor.

Um dia antes do auge da euforia, o presidente do Banco Central brasileiro, Ilan Goldfajn, advertia: o bitcoin estava com características de bolha e pirâmide. O que se viu nas semanas seguintes? No final de janeiro, apenas as três maiores casas que intermediavam a negociação de criptomoedas no Brasil à época já tinham cadastrados cerca de 1,4 milhão de investidores, mais do que o dobro da bolsa brasileira.

O gaúcho Fernando Ulrich, considerado um dos maiores especialistas no assunto do país e analista-chefe da XDEX, plataforma de negociação de criptomoedas, também alertava no início de dezembro de 2017 que não era o momento para entrar no mercado.

- Houve um excesso de preço naquele momento. Isso aconteceu com vários ativos ao longo da história. A rapidez da alta precipitou uma correção forte. Nenhum mercado sobe tanto em tão pouco tempo e se sustenta e um patamar tão alto - analisa o especialista, que, entretanto, prefere evitar o termo bolha.

Para Ulrich, apesar do caráter disruptivo da tecnologia do blockchain, as criptomoedas seguem pouco compreendidas e, por isso, os investidores ainda estão no processo de aprendizado de como precificá-las. Existem também dúvidas quanto ao uso no futuro e regulação.

Em dezembro do ano passado, o bitcoin movimentou cerca de R$ 4 bilhões no país. Caiu bastante. Agora, são cerca de R$ 500 milhões mensais. Há ainda a imagem de ser usado para lavagem de dinheiro.

Como sempre acontece em bolhas e pirâmides, os últimos que chegam pagam a conta da festa para quem está indo embora.

CAIO CIGANA

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