quinta-feira, 15 de novembro de 2018


15 DE NOVEMBRO DE 2018
OPINIÃO DA RBS

EMERGÊNCIA NO MAIS MÉDICOS


Diante da intransigência de Cuba, que confirma as motivações ideológicas do programa, o país precisa pensar em alternativas imediatas para evitar descontinuidade no atendimento


A decisão de Cuba de sair de um programa controverso como o Mais Médicos, atribuída ao fato de o presidente eleito Jair Bolsonaro ter prometido, ainda durante a campanha eleitoral, impor regras mais rígidas aos profissionais caribenhos, exige uma ação rápida do atual e do próximo governo. O anúncio feito em Havana evidencia o uso político da iniciativa tomada em 2013, no governo Dilma Rousseff. Cuba usou seus profissionais como parte do apoio a governos petistas e, em troca, o acordo passou a servir como forma de financiar o regime cubano. Ainda assim, a se concretizar a intenção, e pela relevância do atendimento prestado, o projeto exige uma atenção especial e imediata por parte do atual e do próximo governo. É preciso evitar prejuízos aos beneficiários, a maioria localizada em áreas mais carentes.

As críticas ao projeto não se restringem à forma como são feitos os desembolsos. Fica difícil para a sociedade, porém, consentir com o repasse de volumes tão elevados de verbas públicas diretamente para Cuba. E é inadmissível que apenas uma pequena parte dos vencimentos, hoje fixados em R$ 11,5 mil, acabe sendo repassada de fato para os profissionais. Desde o início do acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), avolumam-se também críticas pelo fato de não precisarem revalidar seu diploma. Com base nessa brecha, motivada por interesses políticos, médicos recém-formados e entidades que representam a categoria levantam suspeitas inclusive sobre sua formação profissional.

Desde o início do plano, os médicos estrangeiros, majoritariamente cubanos, foram designados para assumir o atendimento em locais para os quais os brasileiros manifestaram menos interesse. Nos últimos anos, a iniciativa vem registrando uma participação crescente de brasileiros, o que contribuiu para uma redução nas resistências. Ainda assim, pela influência exercida hoje, particularmente em áreas mais desassistidas, o projeto precisa de atenção especial neste período de transição. A população não pode ser responsabilizada por equívocos de origem política.

Diante da intransigência de Cuba, que confirma as motivações ideológicas do programa, o país precisa pensar em alternativas imediatas para evitar descontinuidade no atendimento. É importante que as saídas possam ser elencadas logo. Uma delas pode ser estimular os médicos a permanecerem no Brasil, pagando diretamente a eles. É preciso ocupar rapidamente eventuais vácuos no atendimento, de preferência aproveitando o maior interesse que vem sendo demonstrado por profissionais brasileiros.

OPINIÃO DA RBS

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