sábado, 2 de março de 2024


02 DE MARÇO DE 2024
FLÁVIO TAVARES

CRIMES ESCONDIDOS

Há figuras e instituições que são exemplos a imitar. Recordo o bacteriologista Alexander Fleming, que, ao desenvolver a penicilina, abriu o mundo novo dos antibióticos, revolucionando a medicina e protegendo nossas vidas.

Em contraposição, existe o lado oposto, com figuras despreparadas (ou execráveis), que, até por ignorância e despreparo, usam e abusam do poder. Isso é comum na política, tal qual Hitler, Stalin e Pol-Pot, ou até (mesmo em forma atenuada) nos generais que se alternaram no poder no Brasil com o golpe militar de 1964.

Quero referir-me, porém, a casos aparentemente pequenos, mas relevantes, ocorridos em Porto Alegre, dias atrás, no bairro Rio Branco, em que as vítimas foram transformadas em algozes. Refiro-me às agressões a um porteiro e a um motoboy, ambos negros, por moradores brancos.

O motoboy tinha se defendido atirando pedras e o levaram no porta-malas a uma delegacia como se fosse o agressor. O verdadeiro agressor teve permissão para vestir-se convenientemente e registrar o "boletim de ocorrência" como se fosse o agredido.

Não se trata de casos do chamado racismo estrutural, tão comum entre nós. No Brasil, os negros foram incorporados tardiamente à sociedade e, muitas vezes, são vistos como "estranhos".

Indago: o núcleo de tudo, porém, não será o despreparo dos que exercem funções de segurança? Basta ler jornais, ouvir rádio ou ver TV para se ter ideia do crescimento de crimes e perversões.

Não repetirei o que já se conhece. Cito, porém, o caso de um jovem negro que, em São Gabriel, apareceu morto tempos atrás ao ser confundido com um assaltante. No Brasil não há pena de morte. Nenhum juiz com provas da sanha assassina pode condenar à morte.

A polícia, porém, parece ter direito de matar. Um exemplo são as "balas perdidas", incomuns aqui, mas que em São Paulo e Rio matam a esmo, até crianças. Falta preparar os policiais militares em cursos de capacitação para que entendam que sua missão é proteger a sociedade sem serem opressores.

A falta de preparo pode transformar-se em crime, não por maldade, mas por ignorância. Basta ler jornais, ouvir rádio ou ver TV para se ter ideia do crescimento de crimes e perversões

Jornalista e escritor - FLÁVIO TAVARES

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