02 DE NOVEMBRO DE 2017
ARTIGOS
A DOLOROSA ELABORAÇÃO DO LUTO
Invariavelmente nos perguntamos o que poderíamos ter feito para evitar aquela morte ou para ter diminuído o sofrimento daquela pessoa. Nos sentimos culpados pelo que dissemos ou deixamos de dizer e isso parece não ter fim, gerando medo de que essa angústia e sofrimento não acabem nunca. Não existe um tempo certo para superar a perda de alguém. Isso depende de cada pessoa, do modo como enfrenta e aceita a situação, mas o primeiro ano é o mais difícil, porque é quando ocorrem as primeiras datas sem a pessoa.
Depois, vem a fase de adaptação, oscilando entre aceitação e negação e a tristeza pode ocupar todo o pensamento, gerando ansiedade, disforia, raiva e depressão, associados a alterações fisiológicas: taquicardia, aumento da pressão arterial, distúrbios de sono e deficiência imunológica. E tudo isso dói.
Um processo de elaboração de luto é finalizado quando conseguimos superar a perda e seguir em frente. Não é que se vá esquecer o ser amado morto, pois as lembranças e a ausência continuarão, mas a perda não vai mais ocupar lugar de destaque na vida. O luto complicado identifica-se quando a tristeza profunda e prolongada faz com que todo pensamento e ato do dia a dia sejam associados à perda e a pessoa não consiga se desligar. Ela deixa de realizar as atividades costumeiras e acaba por se isolar.
Elaborar a morte de uma pessoa amada é um processo doloroso e requer paciência de todos, tanto da pessoa enlutada quanto das que a cercam. As pessoas deprimidas precisam de carinho, proteção e colo, mas o que mais ajuda nessas horas é poder conversar sobre os sentimentos, sobre a morte e suas circunstâncias e, principalmente, sobre a pessoa que morreu. Lembrar das coisas boas e ruins, poder recordar as gracinhas e até as chatices.
Além disso, ter uma crença religiosa e/ou espiritual também é reconfortante e a ajuda de um profissional da área da psicologia pode ser necessária para aliviar a dor psíquica e ajudar o paciente a seguir em frente com leveza no coração e na alma.
Promotora da Infância e da Juventude cinaradutra@mprs.mp.br
CINARA VIANNA DUTRA BRAGA
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