11 DE NOVEMBRO DE 2017
INFORME ESPECIAL
FOI DADA A LARGADA
Eles falaram sobre os Estados Unidos, mas cabe muito no Brasil. A ressaca com Donald Trump está hiperacelerando a sucessão americana. A próxima eleição é em 2020, mas já espocam nomes por todos os lados.
Na quinta-feira, três deles estiveram em um evento promovido pelo The New York Times. O Jazz at Lincoln Center tem como cenário, atrás de uma gigantesca janela de vidro, o Central Park e a Rua 59. De costas para a cidade e de frente para empresários, executivos e alguns poucos estudantes, Howard Schultz, Laurene Jobs e Mark Cuban responderam às perguntas do jornalista Andrew Sorkin.
O Informe Especial estava lá.
A seguir, os pontos mais importantes das respostas do talvez, possivelmente, quem sabe, futuro presidente dos EUA.
Howard Schultz - Fundador do Starbucks
Um empreendedor contra o corte de impostos.
Tem argumentos sólidos. O primeiro é o déficit federal trilionário. Pelo segundo, seria acusado de traição por muitos dos pares brasileiros. Schultz tem certeza de que as grandes corporações não investirão o dinheiro poupado no bem-estar de seus colaboradores, em programas sociais ou no incentivo real à economia. Para ele, a medida só concentrará mais renda nas mãos dos que já têm muito. "Precisamos de uma sociedade com mais compaixão e essa proposta não ajuda.
" Perguntado se vai concorrer, disse que não pensa nisso agora. Mas fala como candidato. A Starbucks - 3 mil lojas mundo afora - é famosa pelos benefícios que dá aos seus colaboradores - planos de saúde completos e ajuda para pagar os estudos. Schultz acredita que os empresários têm a obrigação moral de opinar sobre os grandes temas do país e do mundo. "Vivemos numa época de mentiras e precisamos elevar o nível do nosso debate", afirma. É dono de um patrimônio de US$ 2,8 bilhões.
Laurene Jobs - Ativista e viúva de Steve Jobs
Apenas riu quando o apresentador incluiu seu nome entre os lembrados para a sucessão de Trump. Laurene identifica oportunidades nesse enorme espaço de centro abandonado pela radicalização da política tradicional nos Estados Unidos. Entre seus investimentos, estão aportes a empresas de mídia. Ela não espera lucro imediato. Acredita que a imprensa livre é fundamental para a democracia. "Às vezes, esquecemos que vamos morrer e que as decisões que tomamos vão afetar sete gerações. Somos apenas cuidadores. Quero que meus filhos entendam que estamos aqui por uma quantidade limitada de tempo". Diz tudo isso e completa: a educação é o melhor investimento da sociedade. Laurene tem um patrimônio avaliado em US$ 14,3 bilhões.
Mark Cuban - Dono do Dallas Mavericks e astro da série Shark Tank
Define-se como uma voz independente.
É um personagem. Apareceu no evento vestindo camisa sem gola, calça de sarja e tênis preto. Olhou para o público e disse: "Isso aqui está chique". Foi o único a admitir a possibilidade de concorrer. "Nas circunstâncias atuais, existe uma oportunidade única para alguém com o meu perfil", declarou. Cuban se orgulha de dizer que não contribui com campanhas políticas desde 2002. E não é por falta de dinheiro.
Seu patrimônio líquido ultrapassa os US$ 3 bilhões. "As pessoas estão cansadas dos políticos e das coisas que eles fazem", disparou. Na hora do almoço, Cuban circulava entre as mesas, apertando mãos e sorrindo. O PIB da plateia era equivalente ao do palco.
TULIO MILMAN
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