JOSÉ FORTUNATI DEIXA PDT DEPOIS DE 16 ANOS
Com uma carta de 24 linhas, o ex-prefeito de Porto Alegre José Fortunati formalizou ontem sua saída do PDT, depois de 16 anos. É o desfecho previsível de uma crise que começou quando ainda era prefeito e que se agravou nos últimos meses. A gota dágua foi o boicote da direção a seu projeto de concorrer ao Senado.
- Aconteceram outros episódios ao longo do ano, que foram me afastando da direção do partido, mas não quero falar sobre isso. Não seria ético - diz Fortunati.
O ex-prefeito já não tinha clima para continuar no PDT. O presidente nacional, Carlos Lupi, dizia para quem quisesse ouvir que já o considerava carta fora do baralho. A relação com o presidente estadual, Pompeo de Mattos, não poderia ser pior. O diálogo com outro líder importante do PDT, o ex-deputado Vieira da Cunha, tinha se tornado impossível desde que Fortunati expressou sua preferência pela aliança com Sebastião Melo em 2016, em detrimento da candidatura própria.
O ex-prefeito se defende:
- Nunca escondi que preferia apoiar Melo, em retribuição ao apoio que recebemos do PMDB em 2012 e porque ele foi o vice que qualquer um gostaria de ter: fiel e trabalhador.
Pompeo avalia que Fortunati se precipitou ou "já tinha algo organizado" ao encaminhar a desfiliação. O presidente estadual conta que, ao saber da pretensão do ex-prefeito de concorrer ao Senado, Romildo Bolzan e Vieira da Cunha foram questionados se também queriam concorrer à vaga internamente:
- Como nenhum dos dois quis ser candidato, hoje (ontem) nos reunimos e decidimos que Fortunati seria o indicado na convenção do PDT no dia 16 de dezembro. Logo depois veio a carta, fomos surpreendidos.
Fortunati ainda não sabe para onde vai. Diz ter vários convites, mas pretende analisar o cenário com calma e tomar uma decisão perto do mês de março, prazo derradeiro para a filiação de quem pretende concorrer em 2018. O PR ofereceu-lhe a vaga de candidato ao Senado, mas, antes de assumir qualquer compromisso, Fortunati quer se certificar de que não há risco de o partido dar guarida a Jair Bolsonaro. A única certeza do ex-prefeito é de que não será candidato a deputado:
- Ou concorro ao Senado, ou não serei candidato a nada.
O diretório estadual do PT deverá formalizar no dia 9 de dezembro a pré-candidatura do ex-ministro Miguel Rossetto a governador. Preferidos da base petista, os ex-governadores Tarso Genro e Olívio Dutra não estão dispostos a entrar na disputa.
- Estamos convergindo para Miguel Rossetto. Temos reuniões a fazer, mas, por enquanto, ele é o nome - disse o presidente estadual do PT, Pepe Vargas, depois de mais um encontro para ouvir sugestões para o plano de governo.
Ontem pela manhã, Tarso e Olívio foram ouvidos pela direção do partido. À tarde, a ex-presidente Dilma Rousseff (foto) apresentou suas contribuições. Na semana passada, o partido ouviu as ideias de Rossetto.
A partir dessas reuniões, Pepe quer organizar as diretrizes que serão apresentadas a potenciais aliados. O PT sonha com uma aliança de partidos de esquerda, que tenham uma agenda comum, de contraponto à pauta do governo de José Ivo Sartori.
- Foram discutidas diretrizes e pontos mais gerais. Vamos elaborar um diagnóstico com avaliação dos problemas, como a capacidade de o Estado financiar políticas públicas, de controle social. Ainda não são propostas - diz Pepe. ROSSETTO SERÁ O NOME DO PT
rosane.oliveira@zerohora.com.br
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