sexta-feira, 24 de novembro de 2017



24 DE NOVEMBRO DE 2017
DAVID COIMBRA


Do que o Grêmio precisa na Argentina

Será que a atuação do árbitro do jogo de quarta-feira tem algum significado? Quero dizer: será que aquela atuação trágica, desastrosa, calamitosa tem alguma razão que esteja além da incompetência?

A direção do Grêmio terá de descobrir isso nos próximos dias. Porque, se o árbitro errou de forma tão grosseira contra o Grêmio sob as vistas de 60 mil pessoas na Arena, e se isso não se deu só porque ele é ruim, o que poderá acontecer na Argentina?

O Grêmio, como instituição, precisa se movimentar para obter essas respostas.

Isso do vestiário para fora do estádio. Do vestiário para dentro do campo, há outras providências a tomar. A primeira: Renato precisa arrumar aquele ataque.

É verdade que Fernandinho marcou empenhadamente o lateral-direito do Lanús e não permitiu que ele avançasse, mas também é verdade que Fernandinho, na esquerda, fica emasculado. Ele perde sua jogada mais insinuante, que é o corte para o meio, engatilhando a espingarda que tem na canhota. Tanto é que, desde que passou para a ponta esquerda, ele não faz mais gols. O único que marcou foi de cabeça, no meio da área, contra o Vitória.

Barrios, o centroavante, também não marca mais gols. Contra o Lanús, sua função principal foi fazer parede para a chegada dos meias, só que seu passe sempre saía torto e sujava a bola.

Talvez Barrios esteja se ressentindo um pouco da falta de companhia. Luan foi buscar o jogo lá atrás e o deixou na solidão. Ou, o que é pior, deixou-o cercado por dois ou três argentinos de caninos afiados e morte no olhar.

No primeiro tempo, o Grêmio girou lentamente a bola de um lado a outro do gramado, na frente das duas linhas de quatro defensores do Lanús. Ela saía do pé do zagueiro e ia para o lateral, que, pressionado, encostava para o volante, que devolvia para algum zagueiro, que esticava a outro volante, que tocava para a lateral oposta. O time mantinha a posse da bola na esperança de encontrar alguma fresta na defesa inimiga, só que nenhuma fresta se abria. No segundo tempo, esse movimento foi mais rápido e o Grêmio tornou-se incisivo. Ainda faltou o drible, ainda faltou a ousadia. Mas drible e ousadia são para quem sabe, não para quem quer.

O melhor do Grêmio, sem dúvida, foi o seu comportamento tático. Pela primeira vez, vi um time marcando com denodo o goleiro adversário. De fato, a competente saída com os pés do goleiro Andrada é um dos trunfos do Lanús. Outro é a capacidade dos volantes de resolver o lance no campo de defesa. Eles nunca se desesperam, nem quando assacados por dois ou três marcadores, e sempre se saem com um passe escorreito na direção de uma perigosa rota de contra-ataque. São muito bons.

Na Argentina, o Grêmio precisa ter cuidado redobrado com esses volantes, precisa continuar marcando o goleiro. E precisa ficar de olho no juiz. Cuidado com o juiz!

DAVID COIMBRA

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