quinta-feira, 9 de novembro de 2017



08 DE NOVEMBRO DE 2017
MARTHA MEDEIROS

Até o próximo fíndi


Quem me conhece sabe que não sou de ficar instalada em zona de conforto. Desde o início de 2017, me envolvi em vários novos projetos, entre eles o de escrever meu primeiro roteiro de cinema e criar uma série para a TV - ambos em andamento e com boas chances de se concretizarem. Afora isso, tenho dois novos livros de ficção já iniciados, e estou selecionando textos para uma nova coletânea de crônicas que deveria ter sido lançada nesta Feira do Livro, mas não foi, pois me envolvi também com a concepção de uma peça de teatro e o produtor não para de me enviar mensagens pelo WhatsApp perguntando: "É pra quando?".

Para quando eu conseguir transformar 24 horas em 86, para quando eu conseguir transformar sete dias da semana em 12, para quando eu conseguir fazer com que um mês tenha 70 dias. Ou seja, para quando Jesus finalmente voltar e providenciar o milagre da multiplicação do tempo. Só que ele teria que fazer isso pra ontem.

Resolvi eu mesma buscar uma solução que me permita continuar realizando meu trabalho habitual, além de me dedicar às novas demandas que incluí na agenda - e sem esquecer de preservar aquilo que me abastece emocionalmente: o convívio com os amigos, minha vida amorosa, minhas filhas, minhas viagens e meus programas culturais.

Não teve outro jeito: tive que reduzir os compromissos com Zero Hora. Não vou sumir (não comemore por antecipação), continuarei escrevendo na revista Donna, mas esta é minha última coluna de quarta-feira, depois de quase 20 anos ocupando este honroso espaço. Não se pode ter tudo. As renúncias também fazem parte dos processos de escolha.

Não estou deixando esta coluna para passar um ano nas Bahamas, e sim para trabalhar mais, produzir mais, inaugurar novas formas de me expressar, tudo a fim de compartilhar depois com você, então não encare como um afastamento, e sim como uma alteração de ponto de encontro. É possível que futuramente eu esteja mais presente na vida dos meus leitores como jamais estive, pois, além de todos esses projetos em andamento, pretendo atualizar com mais regularidade minha fanpage e a conta no Instagram (mesmo decidida a recuperar a média de leitura que tinha antes de ser abduzida pelas redes sociais).

Você há de concordar, não havia saída. Era isso ou pifar.

Ia esquecendo. Ainda terei que arranjar uma horinha para fazer terapia e tratar o ciúme que sentirei de quem vier me substituir. Possessão é um atraso de vida, mas alguém está livre? Ainda assim, desejo muito sucesso a ele ou ela - ainda não sei a quem entregarei o bastão.

Então é isso. Muito obrigada pela carinhosa fidelidade e até o fim de semana. O próximo e todos os outros.

martha.medeiros@terra.com.br

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