“Desordem e atraso”: o Brasil na contramão da sua bandeira
Por Jairo Martins, presidente executivo da Fundação Nacional da Qualidade
No dia 19 de novembro, a nossa Bandeira completa 128 anos.
Em substituição à Bandeira do Império, inaugurando o período republicano, o conceito da nossa bandeira atual foi criado por Raimundo Teixeira Mendes, com a colaboração de Miguel Lemos, Manuel Pereira Reis e Décio Villares. O lema “Ordem e Progresso” foi inspirado no positivismo de Auguste Comte: “L’amour pour príncipe et l’ordre pour base; le progrès pour but”(o amor como princípio e a ordem como base; o progresso como meta). As estrelas representam os Estados e o Distrito Federal.
No meio desta confusão em que metemos o País, o Dia da Bandeira merece, de todos os brasileiros, no mínimo, uma reflexão: por que estamos desrespeitando o lema que ela traz e levando o Brasil ao atual caos institucional, econômico, social e ético?
A lógica nos diz que sucesso ou fracasso é uma questão de causa e efeito. Sucesso é quando causas e efeitos se harmonizam para o objetivo comum. Fracasso é quando as causas e efeitos se precipitam por falta de alinhamento e liderança. A má qualidade da gestão e da liderança são as principais barreiras para o sucesso de qualquer empreendimento, seja público ou privado, incluindo governos federal, estaduais e municipais (as estrelas da nossa Bandeira).
Infelizmente, apesar de termos instituições como a FNQ, cujo propósito é melhorar a gestão das organizações no Brasil, que dispõe de uma plataforma de gestão, o MEG, evolutiva e respeitada mundialmente, estamos vivenciando um claro hiato de gestão.
As causas são evidentes: a imoralidade política, a conivência dos empresários, a incompetência dos governantes e a apatia da sociedade. Tudo isso, em uma conjuminação de causas e efeitos desestruturados, levou-nos às múltiplas crises em que estamos inseridos, culminando em uma crise econômica e social sem precedentes. Os 14 milhões de desempregados e os R$ 200 bilhões anuais movimentados pela corrupção já são indicadores da qualidade da nossa gestão e dos nossos líderes.
Por que estamos tratando o Brasil dessa forma? Por que não estamos seguindo o lema da nossa Bandeira? Onde estão a “Ordem e o Progresso”, que poderiam marcar a nossa reputação? Quando vamos dar um basta em todo este desmando?
Infelizmente, nós, que fazemos o Brasil, somos os grandes culpados, primeiramente por termos feito as escolhas erradas, das quais somos as principais vítimas e, em segundo lugar, porque somos passivos e coniventes com esta pilantragem que dominou o Brasil e faz pouco caso da nossa população, com este vai e vem de malas de dinheiro sujo, sem sequer uma explicação.
2018 pode ser um ano de transformação se assim o quisermos. Precisamos escolher líderes bem-intencionados, que usem os fundamentos da excelência para reconstruir o Brasil que queremos e merecemos, os quais respeitem a nossa Bandeira, recuperando a “Ordem e o Progresso” e acabando com a “Desordem e o Atraso” que infernizam as nossas vidas.
Está na hora de tomarmos uma atitude em respeito à nossa Bandeira. Isso já seria um bom recomeço.