Ratinho
Não,
eu não encontrei o famoso apresentador de televisão Ratinho no Parque Moinhos
de Vento.
Caminhando
perto do laguinho, domingo de manhã, dei de cara com um camundongo, nada
parecido com o Mickey Mouse e nem global e estilizado como ele. Consta que Walt
Disney estava numa pindaíba tremenda quando criou Mickey, lá por 1928.
No
início Mickey bebia e fumava, aí deram um trato na imagem. Mickey é o símbolo
da Disney e Walt o amava acima de tudo e de todos. Alguns queriam que Walt
assassinasse o simpático roedor, mas ele felizmente não aceitou as sugestões.
Deu
no que deu. O topolino do Parcão é mocinho, não tem a menor ideia dessas
histórias. Nunca vai ter. Provavelmente vai permanecer no anonimato da grande
cidade, como a maioria, roendo os dias. O ratoncito estava preocupado em
ciscar, almoçar alguma erva e em não ser pisoteado por algum caminhante ou
atleta apressado do parque.
Ele
não tem a menor ideia do que seja Cachoeira, CPI, denúncias, vinhos de trinta
mil a garrafa, jatinhos, jantares finos em Paris e outros riquififes. Melhor
para ele, de repente, preocupado apenas em sobreviver, dar sustinhos nas
meninas, escapar dos gatos e cachorros e em desviar grandes e pequenos
pensamentos e preocupações dos pequenos e grandes frequentadores do Parcão.
Quando
fui observá-lo melhor e tirar uma foto com o celular, ele se assustou com o
ruído e saiu correndo em direção aos arbustos.
Não
queria fotos, declarações, entrevistas, decerto. Ratinho do Moinhos é
reservado. Quando o reencontrei depois de outra volta ele estava lá, de novo,
menos assustado. Já me conhecia. Resolvi filmá-lo com o celular, em silêncio,
para não assustar o bichinho. Ele não se incomodou desta vez. Decerto pensou
que poderia virar instant celebrity como Michel Teló e tirar o pé da lama,
feito seu parente distante Mickey e seu criador.
O
ratinho me botou uns olhinhos espertos e só faltou perguntar se era para o
Fantástico. Ninguém resiste à câmera de tevê, de celular e outras mídias. Não,
camundongo amigo, não era para o Fantástico e não me chamo Walt Disney, mas
ficam essas mal traçadas linhas para ti, minhas modestas homenagens e meu
agradecimento por teres me distraído por vários minutos, numa fria manhã de
domingo, com tua simplicidade, delicadeza e orelhinhas atentas.
O
guardador de automóveis disse que gostei de ti, que queria te levar para casa.
Menos, né? Tua praia é o Parcão. Campai, longa vida, sorte! Até de repente,
pequeno Mickey do Big Park!
Jaime
Cimenti
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