sexta-feira, 4 de maio de 2012



Ratinho

Não, eu não encontrei o famoso apresentador de televisão Ratinho no Parque Moinhos de Vento.

Caminhando perto do laguinho, domingo de manhã, dei de cara com um camundongo, nada parecido com o Mickey Mouse e nem global e estilizado como ele. Consta que Walt Disney estava numa pindaíba tremenda quando criou Mickey, lá por 1928.

No início Mickey bebia e fumava, aí deram um trato na imagem. Mickey é o símbolo da Disney e Walt o amava acima de tudo e de todos. Alguns queriam que Walt assassinasse o simpático roedor, mas ele felizmente não aceitou as sugestões.

Deu no que deu. O topolino do Parcão é mocinho, não tem a menor ideia dessas histórias. Nunca vai ter. Provavelmente vai permanecer no anonimato da grande cidade, como a maioria, roendo os dias. O ratoncito estava preocupado em ciscar, almoçar alguma erva e em não ser pisoteado por algum caminhante ou atleta apressado do parque.

Ele não tem a menor ideia do que seja Cachoeira, CPI, denúncias, vinhos de trinta mil a garrafa, jatinhos, jantares finos em Paris e outros riquififes. Melhor para ele, de repente, preocupado apenas em sobreviver, dar sustinhos nas meninas, escapar dos gatos e cachorros e em desviar grandes e pequenos pensamentos e preocupações dos pequenos e grandes frequentadores do Parcão.

Quando fui observá-lo melhor e tirar uma foto com o celular, ele se assustou com o ruído e saiu correndo em direção aos arbustos.

Não queria fotos, declarações, entrevistas, decerto. Ratinho do Moinhos é reservado. Quando o reencontrei depois de outra volta ele estava lá, de novo, menos assustado. Já me conhecia. Resolvi filmá-lo com o celular, em silêncio, para não assustar o bichinho. Ele não se incomodou desta vez. Decerto pensou que poderia virar instant celebrity como Michel Teló e tirar o pé da lama, feito seu parente distante Mickey e seu criador.

O ratinho me botou uns olhinhos espertos e só faltou perguntar se era para o Fantástico. Ninguém resiste à câmera de tevê, de celular e outras mídias. Não, camundongo amigo, não era para o Fantástico e não me chamo Walt Disney, mas ficam essas mal traçadas linhas para ti, minhas modestas homenagens e meu agradecimento por teres me distraído por vários minutos, numa fria manhã de domingo, com tua simplicidade, delicadeza e orelhinhas atentas.

O guardador de automóveis disse que gostei de ti, que queria te levar para casa. Menos, né? Tua praia é o Parcão. Campai, longa vida, sorte! Até de repente, pequeno Mickey do Big Park!
Jaime Cimenti

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