quinta-feira, 24 de maio de 2012



24 de maio de 2012 | N° 17079

PAULO SANT’ANA

Miséria gradativa

    Quem deveria contar tudo o que sabe não fala e quem gostaria de dizer muita coisa não é ouvido.

    Eu imagino os aposentados, que viram seus proventos diminuídos por mágicos cálculos do governo, assistindo à CPI anteontem: o Cachoeira, envolvido em falcatruas e propinagens até o pescoço, ele que engavetou políticos de vários partidos, dando-se o direito do silêncio, enquanto os que são furtados no FGTS e nas aposentadorias sofrem a dor da miséria gradativa.

    Porque, no caso das aposentadorias, cada vez diminuem mais os ganhos dos aposentados: gente que era para ganhar 10 salários mínimos ganha hoje somente seis e daqui a um tempo passará a ganhar apenas três, uma vergonha.

    E o Cachoeira não fala e seu advogado é ex-ministro, que, segundo dizem, escolheu já diversos ministros do Supremo.

    O clima entre os brasileiros conscientes e informados é, portanto, de indignação.

    Pois é, hoje à noite é ocasião para ver o Grêmio aproveitar-se contra o Bahia da vantagem adquirida no primeiro jogo.

    Posso ter feito críticas severas demais ao Luxemburgo e ao Pelaipe por pouparem quatro jogadores na primeira partida contra o Bahia.

    Mas notem qual é o meu ponto de vista: no próximo domingo, o Grêmio recebe o Palmeiras no Olímpico. Caso o Grêmio venha a perder para o Palmeiras, o time de Luxemburgo ingressará perigosamente na zona de rebaixamento do Brasileirão com zero ponto em dois jogos. Não é um risco gigantesco, com o Grêmio quase se despedindo da possibilidade de ingressar na Libertadores pela via do campeonato brasileiro?

    O Luxemburgo declarou que está seriamente empenhado em ganhar a Copa do Brasil e com isso alcançar a Libertadores.

    No entanto, o meu entender é de que essa possibilidade já estava garantida, pois o Bahia, para desclassificar o Grêmio hoje à noite, necessita ganhar por dois gols de diferença.

    O meu defeito é que supervalorizo o campeonato brasileiro. Não só pelo prestígio da possibilidade de vir a ser campeão, como pela chance de ingressar na Libertadores e mormente pelo risco do rebaixamento.

    Não se pode, então, por nenhuma forma desinteressar-se pelo Brasileirão, como fez o Grêmio ao poupar jogadores contra o Vasco, que jogava com reservas. Não foi num jogo amistoso que o Grêmio poupou seus jogadores: diz-se com sabedoria que o Brasileirão se decide em todos os jogos, do primeiro ao último, como, então, facilitar-se com poupança de jogadores a vitória de um Vasco com reservas?

    Esse estudo estratégico sobre a importância do Brasileirão tem de ser matéria preferencial dos entendidos em futebol, ainda mais dos treinadores.

    Foi por isso que fiz críticas candentes ao Luxemburgo e ao Pelaipe, pela minha racionalidade e pela minha paixão.

    Mas vamos ver se os dois conduzem o Grêmio logo mais à noite a uma classificação prometedora.

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