ELIANE
CANTANHÊDE
Ministrinho e
tijolaços
BRASÍLIA
- Decisões longas e amadurecidas, por óbvio, tendem a ser melhores do que as
rápidas e impensadas. Dilma, no entanto, levou quase meio ano para nomear, na
véspera deste Primeiro de Maio, um ministro do Trabalho que enfrenta
resistências na própria bancada e em centrais sindicais.
O
deputado Leonel Brizola Neto, o enfim escolhido, tem duas credenciais para
ocupar o cargo, além de ser do PDT: o sobrenome, herdado de um ícone do
trabalhismo brasileiro e da luta contra a ditadura militar, e o blog
"Tijolaço", em que se ocupa de xingar todos os críticos do governo,
sobretudo do antigo governo, e alimentar a ira contra a imprensa.
A
não ser que se considere credencial o fato de Brizola Neto, 33, virar o mais
novo dos 38 integrantes da Esplanada dos Ministérios. Ou o fato de, apesar de
eleito pelo Rio, ser o oitavo gaúcho no governo Dilma, nascida em Minas e
adotada pelo RS.
O
anúncio foi feito ontem pelo Planalto e a posse será na quinta-feira,
encerrando a era Carlos Lupi, que se atrapalhou todo com ONGs, e a longa
interinidade do secretário-executivo, que vem desde dezembro.
O
pior é que ninguém sequer notava que o Ministério do Trabalho estava acéfalo.
Como o mundo, o Brasil e as relações trabalhistas evoluíram tanto, a pasta se
tornou quase tão desimportante quanto a da Pesca. Ambas só são úteis para
alimentar tubarões e apoios políticos.
Apesar
da versão corrente de que Brizola Neto era o preferido de Dilma, há
controvérsias. Há quem diga que ela preferia o também deputado Vieira da Cunha,
do PDT-RS, mas, no fim, dá no mesmo. O que importa é que Dilma se livrou na
última hora de críticas no Dia do Trabalho e abriu caminho para voltar às boas
com o seu antigo partido, o PDT.
Agora,
é torcer para o novo ministro não sair infantilmente distribuindo tijolaços por
aí, pois podem ter efeito bumerangue e se virar contra o governo que ele julga
defender.
elianec@uol.com.br
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