quinta-feira, 31 de julho de 2025


31 de Julho de 2025
CARPINEJAR

Sessenta tentativas de

1. Feminicídio

2. Feminicídio

3. Feminicídio

4. Feminicídio

5. Feminicídio

6. Feminicídio

7. Feminicídio

8. Feminicídio

9. Feminicídio

10. Feminicídio

11. Feminicídio

12. Feminicídio

13. Feminicídio

14. Feminicídio

15. Feminicídio

16. Feminicídio

17. Feminicídio

18. Feminicídio

19. Feminicídio

20. Feminicídio

21. Feminicídio

22. Feminicídio

23. Feminicídio

24. Feminicídio

25. Feminicídio

26. Feminicídio

27. Feminicídio

28. Feminicídio

29. Feminicídio

30. Feminicídio

31. Feminicídio

32. Feminicídio

33. Feminicídio

34. Feminicídio

35. Feminicídio

36. Feminicídio

37. Feminicídio

38. Feminicídio

39. Feminicídio

40. Feminicídio

41. Feminicídio

42. Feminicídio

43. Feminicídio

44. Feminicídio

45. Feminicídio

46. Feminicídio

47. Feminicídio

48. Feminicídio

49. Feminicídio

50. Feminicídio

51. Feminicídio

52. Feminicídio

53. Feminicídio

54. Feminicídio

55. Feminicídio

56. Feminicídio

57. Feminicídio

58. Feminicídio

59. Feminicídio

60. Feminicídio

Imagine mais de 60 socos numa jovem imobilizada no chão, encurralada num elevador fechado, sem ter como sair, como se defender, como pedir ajuda, num espancamento brutal e covarde.

Foi o que fez um ex-jogador de basquete de 29 anos, de porte atlético, 1,78m, em cima de sua namorada de 35 anos, na tarde de sábado, em Natal (RN).

As câmeras de segurança registraram o horror do massacre. As imagens viralizaram no mundo, mostrando a banalidade da boçalidade.

O estopim seria uma cena trivial de ciúme.

Ele não agrediu, buscou matar. Alegou que a violência derivou de um surto de claustrofobia, mas não parece estar nem um pouco com medo no vídeo.

Pelo contrário, apresenta-se determinado a cometer o ato. Concentra toda a sua energia. Apoia um braço na parede para bater com mais força com o outro.

Ele não se envergonha jamais, a ponto de, no fim de tudo, olhar com calma nos olhos da presa desfigurada (como se ali restassem olhos para responder), encarando seu rosto em carne viva, observando friamente os efeitos de seus golpes.

Não há compaixão. Não há humanidade. Não há hesitação. Uma vez profanado, o tempo jamais volta.

Ela exibe múltiplas fraturas no rosto e na mandíbula, e será submetida a uma cirurgia de reconstrução facial. É a vítima, e ainda se vê obrigada a fazer arrecadação virtual para custear as despesas médicas.

Se o crime não tivesse sido filmado e se a intervenção do porteiro do condomínio não tivesse ocorrido, ela não seria salva. Não é a primeira vez que houve ameaça de morte. Nunca é uma só vez.

"Ele disse que ia me matar", ela escreveu em um bilhete que entregou para os policiais de plantão que foram ao hospital, por não conseguir falar devido aos graves ferimentos.

O agressor acabou preso em flagrante por tentativa de feminicídio.

O elevador desceu muito abaixo do térreo. Parou no inferno. Onde o Brasil se encontra.

A cada hora, 26 mulheres são atacadas no país.

O episódio aconteceu no Rio Grande do Norte, mas o Rio Grande do Sul não foge da truculência caseira. Até lidera. Em 2024, houve 72 feminicídios, dos quais 14 contavam com proteção judicial. É o Estado brasileiro com a maior taxa de descumprimento da medida protetiva. Já somamos 36 feminicídios no primeiro semestre do ano, e o número não diminui. A liberdade de amar e desamar não existe para as mulheres. 

CARPINEJAR

31 de Julho de 2025
OPINIÃO RBS

Ataque desidratado e incoerente

Fiel ao seu estilo errático e incoerente, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou ontem a ordem que impõe tarifaço de 50% sobre as importações de uma série de produtos do Brasil a partir de quarta-feira, mas deixando centenas de itens fora da taxação. A lista de exceções, muito acima do esperado, comprova uma das características de Trump como negociador, a de fazer ameaças que depois não se confirmam totalmente. Ficaram fora da cobrança extraordinária especialmente bens que os EUA não produzem ou que são complementares e matérias-primas para a indústria norte-americana.

Mas que fique claro: a despeito da abrangência dos produtos ilesos à oneração proibitiva, a agressão comercial de Trump é rasteira e injustificada. Ao tentar prejudicar a economia brasileira por razões políticas, o inquilino da Casa Branca avilta laços diplomáticos que atravessam dois séculos. As relações históricas de Estado entre os dois países deveriam prevalecer. Nações, afinal, são perenes, enquanto os presidentes são transitórios. Mas Trump, apequenando o cargo que ocupa, preferiu colocar afinidades ideológicas à frente.

No decreto, saltam aos olhos as motivações desvairadas e falsas citadas por Trump. É risível afirmar que tomou a decisão por que ações brasileiras "constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos." Como é amplamente sabido, os EUA são superavitários nas trocas com o Brasil, que age apenas de acordo com os próprios interesses, e não para prejudicar quem quer que seja.

É também caricato sustentar que os EUA atuaram para proteger a liberdade de expressão. O próprio Trump tem feito ataques e retaliações a veículos da imprensa norte-americana e seu governo ameaça o livre pensamento nas universidades locais e vasculha redes sociais de candidatos a vistos de estudantes para barrar quem por acaso tiver uma visão distinta da que a Casa Branca considera o certo. 

As incoerências prosseguem ao apontar que o Brasil promove ataques aos direitos humanos, ao mesmo tempo que os EUA caçam e prendem sob condições degradantes milhares de imigrantes, e ao falar de eleições justas, algo que Trump e seu pupilo, Jair Bolsonaro, não respeitaram. Por fim, o republicano não admite que empresas operando no Brasil têm de respeitar as leis e a Justiça brasileira, o que também levou à decisão draconiana de sancionar o ministro do STF Alexandre de Moraes com a lei Magnitsky, empregada para punir estrangeiros por violação a direitos humanos. De nada adiantará. O processo contra Bolsonaro, acusado de golpe de Estado, mas com direito à ampla defesa, seguirá indiferente à tentativa de intervir na soberania brasileira.

Apesar de o tarifaço ser menos indigesto do que sugeria a intimidação inicial, ainda deve o Brasil manter os esforços para ampliar os canais de diálogo e buscar novas flexibilizações. Convém ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva moderar o falatório de palanque. A indústria gaúcha, por exemplo, permanece bastante penalizada pela taxação. 

A repercussão econômica, ainda que de menor magnitude, ocorrerá. Uma tarifa de 50% inviabiliza exportações. Os setores mais prejudicados merecem medidas que atenuem o impacto nos negócios e protejam os empregos do assédio sem precedentes de uma nação estrangeira incentivada por quem se dizia patriota. 

OPINIÃO RBS

31 de Julho de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Tarifaço tem efeito líquido menos ruim do que se temia

A Casa Branca oficializou com muitas horas de antecedência o tarifaço de 50% contra o Brasil. Mas teve até boa notícia: entra em vigor no dia 6 de agosto (em vez do dia 1º) e há 694 exceções. Estão livres do tarifaço desde alguns produtos para o café da manhã dos americanos até aviões da Embraer, que usam 40% de componentes americanos. Como resultado, as ações da empresa decolaram 11% na bolsa.

Estimativa preliminar do economista e consultor André Perfeito é de que cerca de 42% do valor exportado para os EUA em 2025 está nas exceções. No mercado, há projeções de que até 60% do valor em dólares estaria livre de tarifaço.

Os produtos da lista de exceção não terão alíquota zero, como chegou a acenar o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. Ficam sujeitos à tarifa padrão de 10% que está em vigor desde 2 de abril.

A leitura de que a carga política do tarifaço foi maior do que a econômica é chancelada pelo mercado: o dólar, que havia chegado a R$ 5,62 durante o dia, moderou a alta e fechou a R$ 5,59. O Ibovespa, que caía, voltou a subir, encerrando em alta de 0,95%.

Isso não significa, porém, que o tarifaço não terá impacto. A indústria de calçados não ficou entre as exceções, e a alíquota de 50% vai inviabilizar a venda de sapatos feitos no Brasil para os Estados Unidos.

Para o Rio Grande do Sul, houve duas más notícias: calçados e carne ficaram fora da extensa lista de exceções.

- Tem muitos setores afetados, toda a parte de alimentos, toda a parte industrial. Em número de itens, os atingidos são maioria - avalia Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior.

Chama atenção a falta de uma lógica clara na lista de exceções. Seria de se esperar que tivessem sido liberados produtos que pudessem provocar prejuízos à economia americana, mas isso não se confirma: o suco de laranja se livrou do tarifaço, mas o café, não.

- Não tem lógica. Os que conseguiram fazer lobby lá há tempo, como suco de laranja e celulose, até a Embraer, foram excluídos. O resto foi atingido pelo tarifaço - avalia Barral.

Para os produtos afetados, o comunicado traz uma informação importante: a tarifa de 50% não é adicional aos 10% já em vigor, mas complementar. Por isso o texto do decreto menciona 40%. _

Empresa americana quer investir US$ 100 milhões no RS

Será assinado hoje um termo de engajamento (documento que formaliza um compromisso entre partes) entre a Invest RS e a americana Cemvita. Com investimento que pode chegar a US$ 100 milhões (R$ 560 milhões pelo câmbio atual), a empresa planeja instalar uma unidade de produção de óleo de baixo carbono derivado de glicerina bruta.

Esse produto costuma ser utilizado como matéria-prima na fabricação de combustível de aviação sustentável (SAF na sigla em inglês), em parceria com a gaúcha Be8. A unidade também produzirá biofertilizantes.

Um dos motivos da escolha do Rio Grande do Sul é exatamente a disponibilidade de glicerina, subproduto da produção de biodiesel. A Cemvita aponta ainda o histórico do Estado em políticas públicas de baixo carbono. A ambição é construir aqui primeira planta do mundo a operar em escala industrial utilizando a tecnologia de bioconversão.

O "termo de engajamento" vai formalizar a relação entre a Invest RS e as empresas. Pela Cemvita, participam o CEO, Mojo Karimi, e o diretor de estratégia e desenvolvimento de Negócios, Fernando Borba, que é gaúcho.

A Cemvita utiliza a biologia sintética para transformar emissões de carbono em produtos químicos de base biológica de alto valor. Produz óleos sustentáveis e outros insumos essenciais para indústrias como aviação, cuidados pessoais e agricultura. Em parceria com grandes corporações globais, oferece soluções para os desafios climáticos. _

"Sentença de morte financeira" comutada

A confirmação da aplicação da Lei Magnitsky pelo governo dos Estados Unidos contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tem, potencialmente, efeitos bastante graves, que fazem com que essa medida seja apelidada de "pena de morte financeira".

Mas o Tesouro restringiu a sanção a duas consequências explícitas: bloqueio de todos os bens em território americano e de qualquer negócio ou propriedade em que tenha mais de 50%. E Moraes não tem nem conta nem propriedades nos EUA. Se ficar nisso, a "sentença de morte financeira" contra Moraes pode ter sido comutada.

A Magnitsky permite bloqueio de acesso ao sistema financeiro americano, de contas a cartão de crédito. Isso significaria não poder usar algumas das bandeiras mais famosas e quase onipresentes, como American Express, Mastercard e Visa.

Em versões mais severas, impediria qualquer operação financeira que passe por instituições americanas. Do secretário do Tesouro dos EUA se diz que é o "adulto na sala". As palavras foram duras, mas os efeitos, quase inócuos. É ultrajante, mas não impeditiva. _

Para calçados, "sofrimento"

Presidente da Associação das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira ficou desolado ao constatar que os produtos que têm polo importante no Rio Grande do Sul não estão nas exceções do tarifaço:

- O sofrimento que começaria na sexta começa já.

Dos 13% da produção nacional de calçados, diz Ferreira, 22% vão para os Estados Unidos. Agora, haverá busca de melhora de medidas paliativas do governo federal e dos estaduais:

- Ao menos enquanto não se consegue abrir um canal de negociação para baixar para um percentual plausível - diz Ferreira. _

BC avisa que juro fica alto por longo período

No dia em que o Brasil foi sacudido por diferentes ataques à soberania nacional, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) encontrou fleuma para manter o juro básico em 15% ao ano, por unanimidade, e ainda avaliar, no comunicado: "O ambiente externo está mais adverso e incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos".

Com incerteza nesse nível, não encontrou respaldo para suavizar o discurso e sinalizar abrandamento. Não aliviou e manteve até a expressão "período bastante prolongado" para a manutenção do patamar atual da Selic.

O Copom cumpriu o roteiro previsto da reunião anterior, quando havia antecipado a interrupção do ciclo de alta. Para a frente, porém, o cenário é mais nublado, como o texto informa: "Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma continuação na interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta".

De setembro de 2024 até a reunião anterior, em junho, o BC elevou a Selic em 4,50 pontos, o segundo maior ciclo de alta dos últimos 20 anos, perdendo só para a alta de 11,75 pontos entre março de 2021 e agosto de 2022. _

com João Pedro Cecchini

GPS DA ECONOMIA


31 de Julho de 2025
POLÍTICA E PODER - Rosane de Oliveira

Pancada de Trump vai doer menos do que se temia

Não por caridade, mas em defesa dos interesses dos consumidores do seu país, o presidente Donald Trump aliviou, e muito, o impacto do tarifaço de 50% sobre os produtos importados do Brasil. Apesar de o documento em que confirma a tarifa adicional, a vigorar dentro de sete dias, ser baseado principalmente em alegações de natureza política, a boa notícia é que setores importantes da economia brasileira entraram numa extensa lista de exceções.

A avaliação preliminar é de que o prejuízo será bem menor do que os R$ 19 bilhões que teriam efeito arrasador no PIB brasileiro.

Na longa lista de exceções estão produtos essenciais ao consumidor americano, como suco de laranja e polpa de frutas. O que mais alivia para o país é a inclusão da aviação civil na lista de exceções, o que salva a Embraer. Minério de ferro, petróleo e gás, assim como fertilizantes, também seguirão com tarifa de 10%.

Alívio para uns, prejuízo para outros

Para o Rio Grande do Sul, a melhor notícia é a inclusão da celulose na lista de exceções, notícia importantíssima para a CMPC, que exporta uma parte relevante da sua produção para os Estados Unidos e estava se preparando para remanejar as cargas para o Chile. Outro setor da economia gaúcha que ficaria em apuros com a taxação de 50%, mas foi poupado, é o da madeira.

Dos produtos exportados pelo Rio Grande do Sul, o mais importante entre os que serão submetidos à tarifa de 50% é a carne - a menos que nos próximos sete dias a lista de exceções seja revisada e ampliada. O setor calçadista também não escapou, o que praticamente inviabiliza as exportações para os EUA. Também foram taxados o tabaco, que afeta a região de Santa Cruz do Sul, e o setor armamentista, muito forte em Montenegro e no Vale do Sinos.

A motivação alegada por Trump só é compreensível à luz das manifestações anteriores dele em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e das empresas de tecnologia dos Estados Unidos, que não querem se submeter às leis brasileiras. _

No resumo da ópera, pode-se dizer que Trump recuou sem que o Brasil precisasse ceder nas questões que envolvem a soberania. Na prática, quase metade dos produtos comprados pelos Estados Unidos seguirá livre do tarifaço.

Prefeito de Jaguari apresenta plano de reconstrução e resiliência climática

Pouco mais de um mês depois de ter sido uma das cidades mais afetadas pelas cheias de junho de 2025, a prefeitura de Jaguari elaborou uma proposta de reconstrução e resiliência climática que promete ser referência para municípios de pequeno porte. Ontem, o prefeito Igor Tâmbara apresentou o Plano Missão Reconstruir Jaguari ao governador em exercício, Gabriel Souza.

A iniciativa é a primeira do Estado elaborada com alinhamento formal ao Plano Rio Grande. O Missão Reconstruir está estruturado em três eixos: Reconstruir para Voltar, Cuidar de Quem Perdeu e Prevenir para Não Parar. _

Gravataí pede ajuda de empresários para construir hospital

Diante da capacidade de atendimento inferior à demanda no Hospital Dom João Becker, o único da cidade, o prefeito de Gravataí, Luiz Zaffalon, está engajando empresários locais para viabilizar a construção de um novo prédio.

O caminho para isso será o Programa Pró-Hospitais, que permite a empresas destinarem até 5% do ICMS devido para financiar hospitais públicos e filantrópicos, e que está perto de ser implementado no RS.

A instituição tem 190 leitos para atender à demanda de uma cidade com 265 mil habitantes.

O projeto do novo prédio está orçado em R$ 300 milhões. _

EUA tentam asfixiar Moraes por razões políticas

No dia em que amaciou o tarifaço imposto ao Brasil, o governo dos Estados Unidos cumpriu a ameaça de enquadrar o ministro Alexandre de Moraes na draconiana Lei Magnitsky.

A ameaça vinha sendo feita nas redes sociais nos últimos meses por dois brasileiros que estão no comando da articulação contra o Supremo Tribunal Federal, o ainda deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Paulo Figueiredo, neto do general João Figueiredo, último presidente da ditadura militar.

Nas publicações de Eduardo e Figueiredo fica clara a estratégia de amedrontar os ministros do Supremo para que aliviem a mão no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Não se trata apenas do cancelamento do visto de entrada nos EUA, mas de uma asfixia financeira, de tal forma que o ministro não possa ter nem cartão de crédito de bandeira norte-americana ou banco que opere nos Estados Unidos.

Os ministros do STF não vão aliviar a pena de Bolsonaro temendo represálias. E Xandão não tem conta nem bens nos Estados Unidos e está com o visto vencido há dois anos. _

Apoio ao ministro

Mesmo em férias, o governador Eduardo Leite fez questão de se manifestar, no X, sobre as sanções impostas ao ministro Alexandre de Moraes:

"Alexandre de Moraes é um cidadão brasileiro. Não é necessário concordar com todas as decisões do ministro para repudiar a medida imposta pelos EUA. Trata-se de um ministro da nossa Suprema Corte, escolhido pelo nosso presidente da República, referendado pelo nosso Congresso e exercendo suas funções de acordo com as nossas leis, gostemos ou não". _

POLÍTICA E PODER

31 de Julho de 2025
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

Trump rompe, em um só dia, com 200 anos de boas relações

Ao lançar dois petardos contra o Brasil no mesmo dia - a imposição de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes e assinar o decreto do tarifaço - Donald Trump rompe com 200 anos de boas relações diplomáticas com os Estados Unidos. É um ponto de inflexão histórico no diálogo bilateral e o momento de maior crise diplomática entre os dois países.

Geograficamente, o Brasil fica posicionado na área de influência dos Estados Unidos, potência hegemônica. Há o ônus e o bônus disso. A proximidade nos deixa suscetíveis às decisões da maior potência política, econômica e militar do planeta.

A relação entre EUA e Brasil é, historicamente, de aproximações e distanciamentos. Os EUA foram o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil. Houve momentos de alinhamento, como o apoio ao golpe militar de 1964. No final dos anos 1970, o governo Jimmy Carter começou a pressionar o Brasil pela questão dos direitos humanos, e os EUA apoiaram a redemocratização. Os olhos da CIA estavam voltados para a eleição de 1989, como revelou ZH em reportagem que assinei com o repórter Carlos Rollsing.

Uma manobra típica do seu estilo: imprevisível, errático, teatral. O mesmo Trump que dizia precisar de "10 dias" para decidir se atacaria o Irã? e bombardeou no dia seguinte. Mentiu, como costuma mentir.

Trump não é liberal. Um liberal acredita no livre mercado, na globalização, no comércio como ponte entre nações. Trump prefere muros a pontes. Fecha os Estados Unidos para proteger seus próprios interesses - ou os de sua base eleitoral. Um dos argumentos usados agora é o de que o Brasil representa uma "ameaça à segurança nacional americana". Seria cômico, não fosse trágico. 

O Brasil não representa qualquer risco real ao poder dos EUA. Ao contrário: é parceiro comercial e estratégico. Os americanos são o segundo principal destino das exportações brasileiras, e o Brasil, um dos maiores receptores de investimentos diretos americanos. A balança comercial é superavitária em favor dos americanos. A punição, portanto, não é técnica. É ideológica.

Estilo trumpiniano

A hostilidade de Trump é acompanhada pelo desprezo diplomático. O republicano não se dignou a nomear um embaixador para o Brasil. A chefia da embaixada americana em Brasília está vaga desde o final de 2024 - um sinal claro de desprezo ao relacionamento com o atual governo brasileiro.

Governos passam. Estados ficam. Mas rupturas como essa deixam rastros: empresas quebram, empregos são perdidos, vidas são afetadas. Que os quatro anos de Trump na Casa Branca sejam apenas um hiato negativo de uma relação que, por mais assimétrica que seja, sempre teve o diálogo como ponto de partida. _

Entrevista - Henrique Meirelles - Ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda

"Não vejo o Brasil ameaçando a economia americana"

Após o tarifaço de Trump, a coluna conversou com Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central entre 2003 e 2010 e ministro da Fazenda do governo Michel Temer entre 2016 e 2018.

Como o senhor avalia o tarifaço?

É um confronto realmente muito sério. O Brasil é um dos poucos países que, de fato, recebe tarifa dessa magnitude. Ele (Trump) faz série de declarações em relação ao Brasil, que são questionáveis. (...) Para começar, o Brasil tem déficit comercial com os EUA. Acho que há motivação muito política. Mas o fato concreto é que temos de avaliar agora como compensar as exportações para os Estados Unidos (que agora devem ser enviadas) a outros países. Os EUA não são mais o maior parceiro comercial do Brasil. A China é. Temos de trabalhar, as empresas têm de trabalhar para redirecionar essas exportações. E diversificar a pauta de relacionamento econômico.

As justificativas americanas têm embasamento?

A princípio, não. Não vejo o Brasil ameaçando a segurança nacional e a economia americana. Ele deixa claro que tem motivação política. E aí, motivação política é questão de função política. Trump adotou um lado da política brasileira.

Como o senhor avalia o governo brasileiro?

Está trabalhando, o vice-presidente Geraldo Alckmin tem tentado. Mas o problema é que a situação está muito politizada. É a questão fundamental. E, principalmente, Trump trata como parte do governo brasileiro decisões do STF. Sabemos que não é governo. É independente, é essência da democracia. E ele (Trump) trata como se fosse parte do Executivo. São as ordens de um tribunal, que interpreta a lei da maneira que acha adequada. _

Onde estava Zambelli?

O imóvel onde a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) foi presa na terça-feira, na Itália, está localizado em uma área residencial de classe média alta em Roma. O apartamento fica na Via Borghetto di Vara, 13, no bairro Aurélia.

O local fica a aproximadamente cinco quilômetros da Praça de São Pedro e a oito quilômetros da Fontana di Trevi, icônico ponto turístico da capital italiana.

Os valores de aluguel em sites italianos variam: um apartamento de um quarto no endereço, por exemplo, custa R$ 9.640,21 (? 1.499 - na cotação da manhã de ontem). Há outro mais barato, no mesmo condomínio, por R$ 8.360,43 (? 1.300). No Airbnb, há promoção de R$ 3.129 para cinco noites, e outro anúncio por R$ 2.293.

Já os valores de venda são mais altos: uma unidade de três quartos no mesmo condomínio está à venda por R$ 2.115.831,90 (? 329.000). Outro, também de três quartos, porém um pouco maior, pela bagatela de R$ 2.636.751,00 (? 410.000). Há ainda um de dois quartos por R$ 1.639.930,50 (? 255.000).

O condomínio é novo e conta com área aberta, jardins e espaços de lazer. A região é rodeada de supermercados, centros esportivos e boa conexão com redes ferroviárias. _

Aplicação da Magnitsky

A Lei Magnitsky, aplicada pelo governo de Donald Trump ontem contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, não é uma novidade (leia mais na página 5). Em vigor desde 2017, a legislação americana já foi utilizada contra pelo menos 650 pessoas em todo o mundo, incluindo diversas personalidades de destaque.

Um dos primeiros casos emblemáticos ocorreu ainda em 2017, quando as sanções foram aplicadas ao empresário dominicano Ángel Rondón Rijo. Segundo o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, órgão responsável pela implementação da lei, Rondón atuava como operador financeiro da empreiteira brasileira Odebrecht.

Entre as figuras relevantes que também foram alvo da Lei Magnitsky destacam-se o ex-presidente do Conselho Supremo Eleitoral da Nicarágua Roberto José Rivas Reyes, o deputado guatemalteco Julio Antonio Juárez Ramírez e o ex-presidente da Gâmbia Yahya Jammeh, que governou o país africano entre 1994 e 2017. A lista inclui ainda o ex-presidente paraguaio Horacio Cartes (2013-2018) e seu ex-vice-presidente Hugo Adalberto Velázquez Moreno (2018-2023).

Dados oficiais do governo norte-americano revelam que somente no ano de 2023 as sanções atingiram cidadãos de nove países diferentes. _

INFORME ESPECIAL

30 de Julho de 2025
CARPINEJAR

A decomposição alfabética da plataforma

O descaso do governo estadual com o Litoral Norte pode ser representado pela lenta decomposição da plataforma de Atlântida, na cidade de Xangri-lá, uma das principais atrações turísticas de nossas praias.

Mais uma parte de sua estrutura acabou avariada na tarde de segunda-feira, durante a passagem de um ciclone extratropical pelo Rio Grande do Sul.

Não foram só os ventos fortes, com mais de 100 km/h de velocidade, ou a maré alta que derrubaram mais 25 metros do pontal, e sim a indiferença renitente das autoridades com o nosso monumento ao pôr do sol.

É uma novela gradual de fragmentação, que acontece impunemente desde 1997, quando um setor da plataforma já havia cedido e nunca recebeu restauração. Em seguida, em 2016 e 2019, seções do píer despencaram por surtos violentos de ondas. Em 2021, já se filtravam os visitantes. Em 2023, o local sofreu interdição, após novo desabamento.

Como ignoramos um cartão-postal dessa magnitude, que servia para pesca e passeios familiares?

Em nenhum momento houve empenho de um governante para resgatar a edificação e garantir aporte federal. Os esforços se limitaram à administração municipal e à Associação dos Usuários da Plataforma Marítima de Atlântida (Asuplama), órgão independente responsável pela manutenção.

Era mais do que um mirante: nossa ponte para o horizonte, nosso elo para o infinito, nosso palco para os sonhos dos namorados, nosso calçadão para espiar o balé das baleias no inverno e admirar a coreografia dos surfistas no verão, nossa passarela de 280 metros para desfilar o bronzeado e sentir que estávamos pisando nas profundezas das águas.

O turismo é negligenciado na região. Um lugar que é adorado pelos gaúchos, que pertence ao nosso imaginário, que funcionava como ponto de encontro para caminhadas na orla, que acolhia 30 mil turistas por ano, nunca mais foi reformado. O abandono resultará no risco de desmoronamento total. As vigas não resistirão, de acordo com laudo técnico do Laboratório de Ensaios de Modelos Estruturais (Leme) da UFRGS.

A ironia é que a obra completou cinco décadas desde sua abertura oficial em 1975, um aniversário triste, sem festa, sem bolo e sem ninguém por perto.

O que sobrou é um esqueleto de sua época dourada.

Meu pai brincava que a letra T, de seu desenho arquitetônico original, significava "Tudo de bom". Eu acreditava. Era tradição comer milho no quiosque, correr até a sua ponta, tirar fotos, acompanhar a sorte do anzol de quem estava ali, ouvir o sacolejo das ondas e ver qual o balneário mais frequentado naquele instante: Atlântida de um lado ou Capão da Canoa de outro. Havia até quem jurava ter visto lobos-marinhos em suas imediações, e eu me encantava com o mundo animal que a plataforma prodigiosamente reunia.

Ela perdeu um dos braços, e se transformou em um L. Continuamos a brincadeira, dizendo que era de "Litoral". Eu subia a sua rampa com os meus filhos.

Agora já é um I, na desagregação alfabética, que indica a "Iminente" destruição. Meus netos jamais a conhecerão. Não brincamos mais. O oceano virou suas costas para nós. _

CARPINEJAR


30 de Julho de 2025
MARIO CORSO

Terapia por IA

Um artigo na Harvard Business Review (abril de 2025) aponta o uso de inteligência artificial para apoio e terapia como um dos principais usos desta tecnologia. Era esperado. Em tempos de conexões digitais e afetos superficiais, a solidão virou moeda corrente. O individualismo cobra seu preço: isolamento em meio à multidão. Nesse vácuo, até um algoritmo pode parecer acolhedor. Sem companheiro ou amigos, trocar ideias com um chatbot é melhor do que nada.

Sem preconceitos. Para quem, nas madrugadas insones, conversa sobre o sentido da vida com pessoas ainda mais atrapalhadas, deprimidas, ou perversas, a IA seria uma boa saída. Ao contrário dos humanos, está sempre disponível e é incansável.

É difícil abrir-se sobre nossa intimidade, fragilidade e angústias com um desconhecido. A máquina facilita neste quesito, e ser gratuita resolve outro problema. Apenas o registro do sofrimento, como se faz em um diário, já tem efeito terapêutico, é um começo de elaboração.

O problema é que o nosso ego é um advogado brilhante e desonesto. Seu custo é manter na sombra o que arranharia nossa autoimagem. Por isso, os outros podem saber melhor de nós do que nós mesmos. Na prática, a IA não nos descentra, ao contrário, ela produz viesses de confirmação, ela oferece mais argumentos para o já sabido, ela tende a ser um extensão egoica.

Além disso, a IA entrega o que nem deveria oferecer - um diagnóstico. Seduzidas pela ilusão de que nomear é compreender, as pessoas o buscam como atalho para a cura. Além de poder estar errado, o diagnóstico é uma bengala que pode virar cela. Ele reduz a complexidade do sujeito, fecha-se para novos sentidos, pode tomar como doença algo que é um processo e ainda, pode tornar-se uma profecia autorrealizável, onde o paciente passa a agir conforme o rótulo.

Falta à IA o que define a terapia: a coragem de habitar a incerteza. Somos feitos de palavras que sangram, desejos que contradizem narrativas, silêncios que dizem mais que diagnósticos. A cura - quando vem - chega disfarçada de acidente: um insight roubado entre duas frases, um gesto impensado do terapeuta, um riso que desmonta o sofrimento. Nada disso cabe em algoritmos. _

MARIO CORSO


30 de Julho de 2025
OPINIÃO DA RBS

Empenho máximo para negociar

Resta pouco tempo para tentar evitar a entrada em vigor do tarifaço de Donald Trump contra o Brasil. São horas decisivas até a sexta-feira, 1º de agosto, quando - salvo alguma reviravolta - deve começar a valer a taxação de 50% sobre as exportações do país para o mercado norte-americano, a mais alta até agora imposta pela Casa Branca aos seus parceiros comerciais. Com a aproximação do prazo fatal, é dever do governo brasileiro, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em primeiro lugar, se empenhar ao máximo para reverter a medida. Ou ao menos trabalhar para conter os estragos, com as opções de diminuir a magnitude da oneração, reduzir a quantidade de produtos afetados ou, ainda, adiar a cobrança e prosseguir com novas negociações.

Apesar da manifesta má vontade de Trump com o Brasil e da distância política entre os dois presidentes, Lula deve deixar em segundo plano o risco de descortesia em um contato direto com o mandatário norte-americano. Se existir a possibilidade, caberia a tentativa de um telefonema para esclarecimentos e para aparar as arestas possíveis, desde que os termos de qualquer conversa não resvalem para a interferência na soberania do Brasil e na separação dos poderes, cláusula basilar de democracias saudáveis e funcionais.

A chantagem de Trump sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro ou decisões do Judiciário que contrariem as big techs deve continuar fora da mesa de negociação. Mas insistir no diálogo até o último momento sobre temas comerciais e econômicos não significa perder a altivez. Em caso de inflexibilidade, Lula pode ao menos sustentar a versão de que tentou o que estava ao seu alcance, apesar da verborragia desnecessária das últimas semanas, voltada a capitalizar politicamente a ameaça de Trump, que por certo não colaborou para acabar com o impasse. Ambos os presidentes já mencionaram a chance de conversar.

É preciso aproveitar os espaços surgidos nas últimas horas que dão a perspectiva de avançar de alguma forma em tratativas e evitar o pior. Em entrevista a uma emissora de TV, na terça-feira, o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, declarou que produtos básicos não produzidos em solo norte-americano poderiam ter tarifa zero. Não citou nenhum país especificamente, mas seria o caso do café brasileiro, por exemplo. 

É um sinal de maior racionalidade. Resta esperar saber se o Brasil estaria incluído nessas exceções ou se as motivações ideológicas no confronto com o Brasil seguem se sobrepondo. Noticia-se também que o governo Lula estaria, em um primeiro momento, centrando os esforços para eliminar as novas barreiras a alimentos e às aeronaves da Embraer. Sabe-se ainda que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, conversou novamente com Lutnick na segunda-feira, após um contato inicial, no dia 19.

O resultado de negociações com o Japão e a União Europeia, com a fixação de tarifas de 15%, demonstra que os EUA seguem irredutíveis aos argumentos de que só há perdedores com as barreiras comerciais. Resta ao Brasil ser pragmático e buscar arrancar um acordo nos melhores termos possíveis para minimizar os prejuízos à economia nacional. 


30 de Julho de 2025
POLÍTICA E PODER - Rosane de Oliveira

O que fazer para conter a onda de feminicídios no Brasil

No momento em que o programa Gaúcha Atualidade debatia soluções para o elevado número de feminicídios, em Garibaldi uma mulher de 38 anos estava sendo estrangulada pelo monstro que em algum momento foi seu companheiro.

Na noite de sexta-feira, um casal foi encontrado morto em um apartamento em Canela, com marcas de tiros na cabeça. A conclusão preliminar da Polícia Civil é de que se trata de feminicídio seguido de suicídio.

Esses dois casos dão rostos às estatísticas que assombram as autoridades. Enquanto todos os outros crimes vêm caindo de forma consistente, o feminicídio segue destruindo famílias.

No Atualidade, ouvimos a juíza-corregedora Taís Culau de Barros, a promotora de Justiça Ivana Battaglin, a defensora pública Paula Granetto e a delegada Tatiana Bastos.

As quatro protagonizaram uma mesa-redonda de alto nível, orientando mulheres que sofrem com a violência psicológica, muitas vezes sem perceber que ela é a antessala da agressão física ou da morte. Destacaram as questões culturais que levam homens machistas a se julgarem donos das mulheres que pensam amar, mas são movidos pelo sentimento de posse.

Ressaltaram a importância de orientação nas escolas, para que meninos aprendam a respeitar as mulheres desde pequenos e meninas saibam como se proteger. Ensinaram que os órgãos públicos precisam atuar articulados.

Mostraram a importância da medida protetiva, desde que venha acompanhada de mecanismos para impedir de fato a aproximação do agressor, e de uma rede de acolhimento para que a mulher saiba a quem recorrer. Discorreram sobre a necessidade de independência econômica, para que não se mantenham presas a um casamento fracassado por não ter como se sustentar.

Informação é poder

Uma mulher precisa saber que homem algum tem o direito de invadir sua privacidade ou decidir o que ela pode vestir. As mães precisam mostrar às suas meninas que ciúme exagerado não é sinal de amor, mas de insegurança, e que é preciso compartilhar com a família quando sentir que está correndo algum tipo de risco. _

Motociata sem discurso e com cartazes de apoio a Donald Trump

De tornozeleira eletrônica, o ex-presidente Jair Bolsonaro participou ontem de uma motociata em Brasília, ao lado da esposa, Michelle, e do filho Flávio. Bolsonaro trocou a garupa de uma moto por um carro de som, onde esteve durante todo o trajeto, seguido por motociclistas.

O ex-presidente não discursou, sob argumento de que está impedido pela Justiça. Ele chegou a um ponto de encontro próximo à Granja do Torto, onde foi recebido pelos simpatizantes - que portavam bandeiras do Brasil e alguns cartazes com os dizeres "Fora Moraes", "O bem venceu porque é maior", "Trumponaro" e "Bolsotrump".

O PL e outros partidos da direita organizam atos em todo o Brasil no próximo domingo. O ex-presidente, porém, não poderá participar dos atos pois está impedido, devido às medidas cautelares, de sair de casa à noite e aos finais de semana. _

De trapalhada em trapalhada, Zambelli enterra carreira política

Eduardo Bolsonaro desnorteia aliados e dá sinais de que se perdeu

POLÍTICA E PODER

30 de Julho de 2025
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

Subestimamos a aliança entre Trump e Bolsonaro

Subestimamos a relação entre a família Bolsonaro e Donald Trump. Tratamos o vínculo como folclore, como se fosse só mais um show de afinidades ideológicas entre dois populistas, separados por idiomas, mas unidos pelo mesmo estilo fanfarrão.

A atualidade mostra que havia mais do que retórica: havia estratégia e interesses compartilhados.

A ameaça cada vez mais concreta de tarifas unilaterais contra os produtos brasileiros, com a exigência velada de que o Supremo reverta decisões contrárias ao ex-presidente e outros réus por golpismo, é uma evidência de como Trump enxerga o Brasil: não como um parceiro, mas como um satélite de suas vontades orbitado por aliados de ocasião.

Desde que voltou à Casa Branca, em janeiro deste ano, o americano falou abertamente contra ministros do Supremo, ironizou Lula e sugeriu que o Brasil só teria benefícios se "corrigisse seus erros" - leia-se, se favorecesse seus amigos.

Há pontos a serem ligados entre a política externa trumpiana e a articulação de Eduardo Bolsonaro no autoexílio. Ignorar essa conexão foi um erro de avaliação. Foi apostar que os laços pessoais seriam dissolvidos pela distância, pela derrota eleitoral e sobretudo porque entendia-se, ao menos os mais racionais, que o presidente da maior potência militar e econômica do planeta teria mais com o que se preocupar do que com a política brasileira.

Mas os fatos mostram o contrário: Trump voltou ao poder disposto a retribuir favores e a reescrever alianças. O ex-presidente segue sendo instrumentalizado como peça no tabuleiro geopolítico - especialmente para desestabilizar o atual governo e alimentar narrativas contra instituições como o Supremo.

Engrenagem

Um erro ainda maior tem sido desprezar a teia que liga a família Bolsonaro a Steve Bannon e à alt-right americana. Ex-estrategista de Trump e arquiteto da guinada radical na política americana, Bannon se tornou conselheiro informal dos filhos do ex-presidente brasileiro, especialmente Eduardo. Em 2019, integrou a internacional conservadora idealizada por Bannon, o "The Movement", que ambiciona criar frente de direita para influenciar eleições e governos pelo mundo.

A relação é operacional. Envolve trocas de mensagens, alinhamento de discurso, treinamento digital, difusão de narrativas conspiratórias e coordenação de ataques contra instituições democráticas - tanto no Brasil quanto nos EUA. O bolsonarismo, com sua estrutura digital, seus influenciadores e seu método de guerra cultural, tornou-se um braço eficaz da extrema direita transnacional, replicando táticas que Bannon testou nos EUA e na Europa.

Canais abertos

O 8 de janeiro de 2023, em Brasília, e o 6 de janeiro de 2021, em Washington, não são coincidência. São capítulos de uma mesma lógica de deslegitimação eleitoral. O bolsonarismo e o trumpismo compartilham métodos, alianças e objetivos.

O fato de termos subestimado o lobby de Eduardo Bolsonaro no Beltway não significa afirmar que ele tem uma cadeira cativa na Casa Branca - ao menos, não até onde se sabe. Mas é inegável que mantém canais com a ala mais radical do Partido Republicano, hoje majoritária sob a sombra de Trump. Também não se trata de romantizar a relação entre os dois: Trump não morre de amores por Bolsonaro, assim como não morre de amores por ninguém que não lhe seja útil. Seu padrão é claro - precisa de um inimigo útil em cada contexto para justificar medidas autoritárias ou ampliar sua influência. O Brasil, nesse jogo, começa a ser posicionado na prateleira dos "governos-problema" - não por seus atos, mas por não se dobrar à lógica trumpista. _

Números da Operação Inverno

Em dois meses, a Operação Inverno da prefeitura de Porto Alegre tem atendido em média 400 pessoas por dia. A iniciativa reúne diversas frentes de assistência à população em situação de rua, com ampliação de vagas, serviços de mobilidade, benefícios sociais e ações integradas de abordagem humanizada.

A Operação, iniciada em 29 de maio, registra uma média de 403 pessoas acolhidas por noite. O pico de atendimentos ocorreu em 28 de julho, com 465 acolhimentos. As noites de 25 e 27 de julho também apresentaram alta demanda, com 458 e 461 pessoas atendidas, respectivamente.

Serviços oferecidos

Atualmente, a rede de atendimento oferece vagas em dois abrigos emergenciais e dois albergues permanentes. Também oferece o Transporte Solidário, que leva pessoas em situação de rua para abrigos e unidades de atendimento. A prefeitura também tem avançado nas ações de reintegração familiar e habitacional, por meio do Auxílio-Viagem e o Auxílio-Moradia. _

Educação e mudanças climáticas

O governo do Estado reunirá, entre 5 e 6 de agosto, especialistas, gestores públicos e organizações no Seminário Internacional Educação, Mudanças Climáticas e Resiliência. O evento será em Porto Alegre e é organizado pela Secretaria de Educação do RS, em parceria com o Banco Mundial e com apoio técnico do Todos Pela Educação.

O objetivo é debater como sistemas educacionais podem responder aos desafios impostos pelas mudanças climáticas e desastres naturais. A programação inclui quatro painéis com representantes de Brasil, Japão, Peru, Uruguai, Holanda, Equador, Banco Mundial e Unesco, além de oficina técnica sobre diagnóstico da infraestrutura escolar e reunião para a elaboração da Declaração de Porto Alegre para Escolas Resilientes.

- Desde 2023 maturamos o conceito de escola resiliente. E não é só sobre estrutura física, mas também sobre profissionais e materiais - diz a secretária de Educação do RS em exercício, Stefanie Eskereski. _

Os motéis do Pará

Na semana passada, a coluna publicou que o governo federal contratou dois navios de cruzeiro para servirem como unidades de hospedagem temporária durante a COP30, em Belém. É uma das estratégias para ampliar a oferta de hospedagem na capital paraense.

No domingo, o The New York Times publicou que donos de motéis da cidade estão ofertando suítes e quartos para hóspedes que irão para a COP. "Barra de pole dance e paredes com estampa de oncinha: motéis do amor aprontam quartos para a cúpula do clima", diz o título da reportagem, em tradução livre.

E aqui é tradução livre literalmente, porque "motel" nos EUA não serve como um local íntimo para encontros sexuais. Lá é apenas um quarto de um hotel "normal" de beira de estrada. Isso é um dos motivos que despertaram curiosidade dos jornalistas do Times a ponto de fazerem uma grande reportagem. As barras de pole dance, o papel de parede e até cadeiras eróticas podem se retiradas, se os hóspedes assim o desejarem.

Alguns proprietários já se anteciparam e estão redecorando as suítes com visuais mais neutros. Outros mudaram até o nome de "motel" para "pousada". Mesmo adaptados, os motéis de Belém estão com os preços bem salgados: subiram de cerca de US$ 150 (R$ 835) por noite para até US$ 650 (R$ 3.618). 

INFORME ESPECIAL

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Concluída a revitalização paisagística na Orla do Guaíba em Porto Alegre

A ação recompôs áreas afetadas pelas fortes chuvas, respeitando integralmente o projeto paisagístico original

A ação recompôs áreas afetadas pelas fortes chuvas, respeitando integralmente o projeto paisagístico original

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A Gam3 Parks, consórcio responsável pela administração da Orla do Gasômetro, realizou um importante processo de revitalização paisagística na área que corresponde ao nível da Avenida Edvaldo Pereira Paiva.

A ação, iniciada ainda neste mês, contempla o replantio de mudas, reforço no estaqueamento de árvores depredadas e a adubação geral do jardim da ciclovia. O trabalho agiu respeitando integralmente o projeto de paisagismo da Orla, que serve de norte para todas as intervenções feitas no espaço.

Com execução da empresa Agroflor, responsável pela manutenção, jardinagem e paisagismo do trecho, a intervenção inclui o replantio de 12 ipês-amarelos (Handroanthus albus), espécie–símbolo na beira da ciclovia. Além da reposição de exemplares ornamentais como a Íris (Moreia Neomarica), presente nas floreiras da escadaria, o Guaimbé (Philodendron bipinnatifidum) e o Capim-do-Texas (Cenchrus setaceus).

Outro foco da intervenção é a recuperação do estaqueamento de árvores já existentes, que sofreram danos com as fortes chuvas, a enchente que atingiu a cidade e atos de vandalismo. Com a conclusão do trabalho, o espaço deve retomar seu aspecto original, reforçando a beleza do entorno e oferecendo um ambiente mais agradável à população.