sábado, 22 de novembro de 2014


23 de novembro de 2014 | N° 17992
PAULO SANT’ANA

Impunidade é maior do que corrupção

Todo governante é suscetível de corrupção.

Ou melhor, todo ser humano é suscetível de corrupção, mas os governantes o são ainda mais.

Há orações religiosas que dizem o seguinte: “Livrai-nos, senhor Deus, da tentação”.

Para serem mais explícitas, essas orações deveriam dizer: “Livrai-nos, senhor Deus, do exercício do poder”.

É que é muito difícil, quase impossível, exercer o poder sem se corromper.

Uns se corrompem por mais, outros, por menos, conforme for o tamanho da fatia de poder que possuírem ou ostentarem.

E todo governante ou funcionário público que cede à propina ou a qualquer outra forma de suborno está traindo o seu povo, pois foi posto nesse cargo para defender os direitos do seu povo e protegê-lo dos maus.

Quem pegou propina na Petrobras, portanto, quem concedeu às empresas privilégios de exploração dos serviços da Petrobras e foi subornado para tal, traiu em última e primeira análise o povo brasileiro.

O povo brasileiro tem, portanto, o direito de exigir – agora que explodiu este maior escândalo de todos os tempos – que sejam punidos todos os corruptos e propineiros e ao mesmo tempo seja devolvido todo o dinheiro que ganharam com os favores que concederam às empresas, que por sua vez têm também de ser punidas rigorosamente.

Tem muita gente que se locupletou com os escândalos da Petrobras que não foi citada e nunca será citada. Mas está com seu dinheiro obtido com a corrupção entesourado, guardado, livre de qualquer apuração. Esses são os verdadeiros artistas da corrupção, os que não deixam seus rabos presos – ou, se os deixam, têm suficiente prestígio, cartaz ou poder para não serem nem de leve investigados.

Esses são os grandes artistas e prestidigitadores da corrupção.

O que vou dizer é o óbvio. Todos os cidadãos de todos os países do mundo são suscetíveis de corrupção, mas acontece que, no Brasil, além de serem suscetíveis de corrupção, as pessoas são também suscetíveis de impunidade.


Assim não dá!

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