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quinta-feira, 6 de maio de 2010
06 de maio de 2010 | N° 16327
RICARDO SILVESTRIN
Os americanos no cinema
O Homem de Ferro teve que trocar a substância que o mantinha vivo, pois ela também o estava levando à morte. No filme que está em cartaz nos cinemas, o segundo da série, o herói entra em crise. Precisa ir buscar lá na sua infância, na relação com seu pai, a força para voltar a enfrentar a vida.
O personagem dos quadrinhos da Marvel tem a função de proteger o povo americano contra a violência e os ataques externos. Sua crise também coincide com uma nova fase do seu país. Como se dará a defesa nesses tempos de volta dos democratas após a bélica era Bush?
Um tempo de retomada dos direitos humanos, de respeito às diferenças, de busca da preservação e sustentabilidade do planeta. Talvez por isso o filme soe menos chapa branca do que o anterior, embora ainda as questões de confronto lá da guerra fria não deixem de aparecer. O vilão, pra variar, é russo.
Rever os valores de seu país também é o que fez Woody Allen ao voltar a filmar por lá. Em Tudo Pode Dar Certo, um intelectual põe a nu o pensamento tacanha que domina o senso comum americano.
Dogmatismo religioso, repressão sexual e falta de cultura. É desse caldo que Allen molda dois personagens que representam a família americana. A filha desse casal é reeducada por um velho gênio decadente com quem tem um caso. Ele traz luzes novas para a moça, que passa a ver o mundo com a ótica desencantada, mas realista, de seu marido.
Muita gente tem dito que o personagem do velho intelectual seria o mesmo que Woody Allen encarna, mas preferiu colocar dessa vez, no lugar dele, outro ator. Pode ser mesmo, mas fiquei me perguntando por que ele teria feito isso. A resposta que achei foi na questão do personagem ser chamado de gênio.
Digo questão porque o gênio, como afirmou o poeta Oswald de Andrade, é um tema do século 19. Representa a concentração numa pessoa da capacidade de ter uma visão ampla, da totalidade dos aspectos humanos, psicológicos, sociais, políticos, filosóficos. Um gênio sintetiza uma época em sua obra.
Não creio que Woody Allen se veja assim. Ou, caso se visse, seria muito narcisismo colocar a si mesmo nessa posição. Mas acredito que o que está em debate é outro personagem, o gênio. Aquele que sabe e por saber é desencantado e realista.
Isso difere do personagem típico encarnado por Woody Allen. O seu é o que não sabe, o neurótico, o que tateia. Seu mal-estar é por não saber o suficiente sobre si mesmo.
Ou seja, o personagem dele mesmo é mais parecido com todos nós. Já o gênio é o que faltaria aos homens e mulheres da sua terra para serem pessoas melhores, mais cultas, menos dogmáticas. Allen voltou da Europa e sentiu falta de um pouco do velho mundo no novo mundo.
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