segunda-feira, 3 de maio de 2010



03 de maio de 2010 | N° 16324
KLEDIR RAMIL


Juiz de futebol

A profissão mais maltratada do mundo é a de juiz de futebol. Por mais que o cara faça, por mais que se esforce, sempre tem alguém pra criticar. Eu, por exemplo. Domingo retrasado assisti ao Gre-Nal no Beira-Rio e fiquei descontente com a atuação do Gaciba.

Claro, se o Inter tivesse ganho eu teria adorado o desempenho dele. É assim que funciona. Eu adoro o Gaciba, mas só quando o meu time vence.

O torcedor, quando perde, quer descontar em alguém. E aí, sobra para o juiz. Os mais exaltados, além do jogo, perdem também a educação e xingam a coitada da mãe do juiz. Mãe de juiz é uma personagem que deveria receber homenagens em todos os campos de futebol. No Maracanã, deveriam erguer uma escultura simbólica para elas, ao lado da estátua do Bellini.

Julgar é uma tarefa muito difícil. Acredite você ou não, esses caras que entram em campo com um apito na mão e uma camisa de cor diferente são muito bem preparados. Precisam tomar decisões em uma fração de segundo, sob o olhar impiedoso de milhares de torcedores.

Pior, estão sendo observados por milhões de pares de olhos, através da transmissão de TV, que na maioria das vezes têm uma visão privilegiada do que está acontecendo.

E que, no conforto das suas poltronas, com critérios puramente emocionais, não têm a menor responsabilidade de serem justos em relação a um lance duvidoso. Eu, por exemplo, sempre acho exagerado quando dão cartão amarelo pro Guiñazu.

Um rapaz educado e simpático. Implicam com ele porque é um guerreiro. Os guerreiros deveriam ter uma margem de tolerância maior, afinal não estão num jogo, estão num campo de batalha.

Nossos juízes gaúchos estão entre os melhores do Brasil. Alguns, entre os melhores do mundo. Carlos Eugênio Simon está fazendo história ao encerrar uma carreira brilhante. Será o primeiro árbitro brasileiro a ter participado de três Copas do Mundo. Não é pouco. Parabéns, Simon. Você merece.

O ideal seria que um juiz de futebol pudesse ter mais tranquilidade para julgar, como um juiz de tribunal que pode ler um processo com calma, analisar prós e contras, e tomar decisões com sabedoria. Da nossa parte, temos que ter mais paciência com os árbitros. E mais respeito com as mães.

Para encerrar, não sei como foi o Gre-Nal de ontem, final do Gauchão (este texto foi escrito antes do fim de semana). O único comentário que posso fazer é que, se o Inter perdeu, o juiz deve ter roubado.

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